Diretor nacional da PJ diz que condenação de Mário Machado "dá grande conforto"
"É uma decisão do ponto de vista jurídico da investigação criminal e do ponto de vista humano que nos dá grande conforto". Assim define o diretor da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, a nova condenação do neonazi Mário Machado, condenado a uma pena de prisão efetiva por incitamento ao ódio contra Renata Cambra e outras mulheres do campo político de esquerda.
A declaração foi feita aos jornalistas no evento do Dia Internacional contra a Corrupção, que decorre esta quinta-feira na sede da Polícia Judiciária (PJ) em Lisboa. Segundo Luís Neves, a decisão "vem na sequência de um conjunto de outros crimes, já durando um longo historial, que esse arguido, agora condenado a prisão efetiva, cometeu".
O diretor da PJ avalia que o incitamento ao ódio contra mulheres é "inadimissível" e que a polícia atuou para identificar quem cometeu os crimes. "Estamos a falar de crimes de ódio, de incitamento à violência, designadamente perante mulheres, que eram expostas. Mulheres só que pertencem a estruturas políticas de esquerda. Isso é absolutamente inadmissível", disse.
Para Luís Neves, a condendação é também uma recompensa para as vítimas. "Para nós a única recompensa que estas vítimas, que viveram terrorizadas durante demasiado tempo, têm como base o nosso trabalho", destacou.
O diretor ainda lembrou dos "valores humanistas" que regem o trabalho da Polícia Judiciária em Portugal. "Quero dizer que, em nome dos valores humanistas da nossa atividade, esta é a maior recompensa para nós, é ter um resultado em que as vítimas ficam salvaguardadas. Por isso, essa decisão vai ao encontro daquilo que concluímos na investigação criminal desse caso", finalizou.
Mário Machado e Ricardo Pais foram condenados em primeira instância a 7 de maio, tendo na altura, o advogado de defesa José Manuel Castro manifestado a sua surpresa com a sentença, considerando-a "injustificada e pesada" e a esperança numa absolvição de Mário Machado pela Relação de Lisboa, o que não se verificou.O caso
Nesta semana, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) confirmou a pena de dois anos de 10 meses de prisão efetiva a Mário Machado, que, em maio, foi condenado por incitamento ao ódio e à violência contra mulheres de esquerda em publicações nas redes sociais.
O mesmo foi decidido em relação ao outro arguido do processo, Ricardo Pais, que foi condenado a um ano e oito meses de prisão suspensa por um período de dois anos.
Em causa neste estavam mensagens publicadas no antigo Twitter (atual X), atribuídas a Mário Machado e Ricardo Pais, em que estes apelavam à "prostituição forçada" das mulheres dos partidos de esquerda, e que visaram em particular a professora e então dirigente do Movimento Alternativa Socialista (MAS) Renata Cambra.