Diretor da PJ recusa comentar vídeos que mostram polícia a pôr objeto semelhante a faca junto de Odair Moniz
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) recusou comentar a existência de vídeos que mostram um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) a colocar um objeto parecido com uma faca próximo ao corpo de Odair Moniz logo depois de o cozinheiro ter sido baleado duas vezes pelo outro polícia que formava a dupla de patrulhamento, crime ocorrido na madrugada de 21 de outubro do ano passado na Cova da Moura.
"Não sei se há vídeos ou não. O diretor nacional não tem que conhecer as investigações em pormenor. Sabemos que nessa, como em qualquer investigação, nós damos sempre o melhor no sentido de dotar as acusações dos melhores elementos possíveis face aos elementos de prova que são recolhidos", disse Luís Neves a jornalistas na manhã desta sexta-feira (6).
A notícia é avançada pelo jornal Expresso, que teve acesso a seis vídeos de curta duração, feitos por um morador da Cova da Moura, que foram analisados pelo Laboratório de Polícia Científica (LPC) da PJ.
Segundo o Expresso, o agente R.M. aparece a colocar um “objeto morfologicamente semelhante a uma faca” no local do crime, depois de ter vistoriado as bolsas que Odair Moniz carregava consigo. Para dar este parecer, diz o jornal, os investigadores da PJ submeteram os vídeos a técnicas de câmara lenta, de ampliação de imagem e de legendagem.
Inicialmente, um comunicado da PSP relatou que os agentes afirmaram ter sido ameaçados por Odair Moniz com recurso a uma arma branca, facto que nunca ficou comprovado nos autos do Ministério Público.
Conforme noticiado pelo DN, o despacho refere que “nas imediações do local onde o corpo de Odair caiu, próximo da viatura que ali estava estacionada, e cerca de dois minutos após o corpo ter sido retirado, encontrava-se e foi apreendido [não é dito por quem] um punhal com 25 centímetros de comprimento, 15 centímetros de lâmina serrilhada e cabo de 10 centímetros em plástico de cor preta, com as inscrições na lâmina ‘MACHO’.” Este punhal não tinha, certifica o MP, “vestígios biológicos em quantidade suficiente para obter um perfil de ADN”. Assim, o MP não chegou a qualquer conclusão sobre a origem desta arma branca.
"Não são novas provas, nem há novos elementos. A acusação foi deduzida com os elementos de prova que existiam. Portanto este é o momento para estarmos calados, é o momento do tribunal, da defesa, para fazer o seu trabalho, e por isso nós cumprimos a nossa missão nessa investigação", respondeu Luís Neves ao ser questionado sobre a existência de novas provas neste caso.
O diretor da PJ aproveitou, ainda, para dar uma "palavra de apreço" às Forças de Segurança nacionais, "instituições compostas de gente fantástica, a quem todos nós devemos muito pelo trabalho que diariamente fazem", disse.
"Por vezes, e não quero falar sobre a matéria aqui em causa, há sempre um ou outro ato que nós gostaríamos que não acontecesse. Não é um ato que possa pôr em causa o global das instituições. Gostaria de deixar esta palavra de grande apreço e de grande estima", completou o dirigente.