Luís Neves diz que não tem que conhecer as investigações em pormenor
Luís Neves diz que não tem que conhecer as investigações em pormenorPaulo Spranger

Diretor da PJ recusa comentar vídeos que mostram polícia a pôr objeto semelhante a faca junto de Odair Moniz

Expresso fala em seis gravações, feitas por um morador da Cova da Moura, que mostram agente da PSP a colocar objeto na cena do crime, e que terão sido analisadas pela polícia científica da Judiciária.
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O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) recusou comentar a existência de vídeos que mostram um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) a colocar um objeto parecido com uma faca próximo ao corpo de Odair Moniz logo depois de o cozinheiro ter sido baleado duas vezes pelo outro polícia que formava a dupla de patrulhamento, crime ocorrido na madrugada de 21 de outubro do ano passado na Cova da Moura.

"Não sei se há vídeos ou não. O diretor nacional não tem que conhecer as investigações em pormenor. Sabemos que nessa, como em qualquer investigação, nós damos sempre o melhor no sentido de dotar as acusações dos melhores elementos possíveis face aos elementos de prova que são recolhidos", disse Luís Neves a jornalistas na manhã desta sexta-feira (6).

A notícia é avançada pelo jornal Expresso, que teve acesso a seis vídeos de curta duração, feitos por um morador da Cova da Moura, que foram analisados pelo Laboratório de Polícia Científica (LPC) da PJ.

Segundo o Expresso, o agente R.M. aparece a colocar um “objeto morfologicamente semelhante a uma faca” no local do crime, depois de ter vistoriado as bolsas que Odair Moniz carregava consigo. Para dar este parecer, diz o jornal, os investigadores da PJ submeteram os vídeos a técnicas de câmara lenta, de ampliação de imagem e de legendagem.

Inicialmente, um comunicado da PSP relatou que os agentes afirmaram ter sido ameaçados por Odair Moniz com recurso a uma arma branca, facto que nunca ficou comprovado nos autos do Ministério Público.

Conforme noticiado pelo DN, o despacho refere que “nas imediações do local onde o corpo de Odair caiu, próximo da viatura que ali estava estacionada, e cerca de dois minutos após o corpo ter sido retirado, encontrava-se e foi apreendido [não é dito por quem] um punhal com 25 centímetros de comprimento, 15 centímetros de lâmina serrilhada e cabo de 10 centímetros em plástico de cor preta, com as inscrições na lâmina ‘MACHO’.” Este punhal não tinha, certifica o MP, “vestígios biológicos em quantidade suficiente para obter um perfil de ADN”. Assim, o MP não chegou a qualquer conclusão sobre a origem desta arma branca.

"Não são novas provas, nem há novos elementos. A acusação foi deduzida com os elementos de prova que existiam. Portanto este é o momento para estarmos calados, é o momento do tribunal, da defesa, para fazer o seu trabalho, e por isso nós cumprimos a nossa missão nessa investigação", respondeu Luís Neves ao ser questionado sobre a existência de novas provas neste caso.

O diretor da PJ aproveitou, ainda, para dar uma "palavra de apreço" às Forças de Segurança nacionais, "instituições compostas de gente fantástica, a quem todos nós devemos muito pelo trabalho que diariamente fazem", disse.

"Por vezes, e não quero falar sobre a matéria aqui em causa, há sempre um ou outro ato que nós gostaríamos que não acontecesse. Não é um ato que possa pôr em causa o global das instituições. Gostaria de deixar esta palavra de grande apreço e de grande estima", completou o dirigente.

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