Um carro totalmente danificado após queda de uma árvore junto à Tapada das Necessidades
Um carro totalmente danificado após queda de uma árvore junto à Tapada das NecessidadesMIGUEL A. LOPES/LUSA

Deslocação para sul do Anticiclone dos Açores na origem do temporal que deixou rasto de destruição em Portugal

IPMA alerta que nas próximas semanas pode ainda haver esta formação de depressões mais a sul do que é o habitual, agravando as condições meteorológicas.
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"Agora, durante a tarde [desta quinta-feira], já estão a aproximar-se umas linhas de instabilidade e, portanto, vamos ter um agravamento do estado do tempo nas regiões centro e sul", explicou ao DN a meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) Alexandra Fonseca, advertindo que, para esta sexta-feira, as regiões que serão mais afetadas serão as do norte e centro, também num regime de aguaceiros". O mau tempo deverá manter-se até sábado.

De acordo com a meteorologista, as milhares de ocorrências da madrugada desta quinta-feira são consequência da depressão Martinho, que, por sua vez, é consequência da deslocação para sul do Anticiclone dos Açores.

Resumidamente, continua Alexandra Fonseca, este sistema de alta pressão (o Anticiclone dos Açores) está numa posição "mais a sul do que o habitual – que é nos Açores, por isso o nome que se lhe dá – o que permite que depressões que habitualmente se formam no Atlântico Norte façam o seu trajeto um pouco mais a sul e influenciem o estado do tempo na Península Ibérica ou em Portugal Continental".

Por agora, é previsível que "estes aguaceiros sejam fortes, podendo ser de granizo, acompanhados de trovoada", detalha a meteorologista, acrescentando que estas condições já são observáveis.

No que diz respeito à depressão Martinho, Alexandra Fonseca assegura que se está a afastar e já está a perder intensidade, "no entanto, haverá dois períodos com alguma cautela: hoje [esta quinta-feira] à tarde e durante o dia de amanhã [sexta-feira], até sábado de manhã".

"Serão períodos de vigilância", garante.

Questionada sobre se é expectável que mais depressões como a Martinho ocorram em Portugal, a meteorologista explica que "isto são sistemas dinâmicos e, portanto, depressões estão sempre a formar-se, tal como os anticiclones também existem sempre e fazem o seu trajeto natural".

Deste modo, durante as próxima semanas, "pode ainda haver esta formação de depressões mais a sul do que é o habitual". "Tudo depende da posição do anticiclone [dos Açores] nas próximas semanas. Se continua na posição em que se encontra neste momento ou se faz o seu trajeto um bocadinho mais para o norte", referiu.

Neste último cenário, se o Anticiclone dos Açores se deslocar mais para norte, "então aí fará um bloqueio a estas depressões".

Apesar de todas as previsões, o aviso da meteorologista passa também por notar que "a Primavera é sempre uma altura do ano em que, à a mínima mudança destes sistemas atmosféricos, há uma mudança muito grande" no tempo.

Sobre a possibilidade deste estado do tempo estar associado a alterações climáticas, Alexandra Fonseca defende que é sempre "possível falar de alterações climáticas, até porque cientificamente está provado que elas estão a acontecer".

"Todos nos lembramos de que já existiram invernos destes, tão rigorosos e com estas tempestades tão intensas. O que é que nós sabemos das alterações climáticas? Não é uma questão de haver mais em frequência, mas a sua intensidade ser maior. E consequentemente também os estragos e as consequências serem maiores. Portanto, podemos sempre falar disso. Não podemos falar de um evento isolado, mas de situações que poderão acontecer com mais frequência a nível da sua intensidade, da sua destruição", avisa.

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