Graciella Starling trouxe 60 modelos para o Museu da Chapelaria, em São João da Madeira
Graciella Starling trouxe 60 modelos para o Museu da Chapelaria, em São João da MadeiraDR

Da cabeça das estrelas brasileiras para um museu nacional

Rainha que é rainha usa chapéu e Ivete Sangalo, rainha da música brasileira, usa chapéus de Graciella Starling. A criadora de alta chapelaria brasileira está em Portugal com uma exposição em que mostra a exuberância das peças carnavalescas e o luxo dos modelos mais ricos.
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Quando Ivete Sangalo sobrevoou o Maracanã no espetáculo de celebração dos 30 anos de carreira, no final de 2023, entre os aplausos, o ritmo e as batidas, poucos terão reparado no figurino da artista. Mas aquele foi mais um motivo de orgulho para Graciella Starling, a criadora de alta chapelaria brasileira que agora tem peças em exposição no Museu da Chapelaria em São João da Madeira. Estrela maior do espetáculo no Brasil, Ivete é uma das clientes mais assíduas da designer que impôs o caráter luxuoso do chapéu na moda brasileira com peças marcantes criadas para desfiles de Carnaval e festas da revista Vogue.

Nesta publicação no Instagram, Graciella Starling mostra vários momentos de uma das suas criações usadas por Ivete Sangalo no espetáculo de comemoração dos 30 anos de carreira. 

Para Portugal, Graciella Starling trouxe 60 peças divididas em seis coleções, que estarão em exposição naquele espaço cultural do distrito de Aveiro até ao final de junho. “Os seus chapéus cobrem as cabeças das mais prestigiadas estrelas brasileiras”, realça Tânia Reis, diretora do museu, enumerando, como exemplo, os nomes de Paula Fernandes, Marina Ruy Barbosa e Cinthia Chagas, além de Ivete Sangalo. “Ela gosta de peças leves, ergonómicas, que deixam as mulheres bonitas”, confidencia a criadora.

Mas a maior embaixadora da marca é a própria Graciella Starling, que usa chapéu praticamente todos os dias. No entanto, ela própria reconhece que este acessório já conheceu melhores dias enquanto tendência de moda. “É uma missão trazer de novo o chepéu para a vida das pessoas”, diz. E espera que o Museu da Chapelaria e as peças que trouxe para Portugal ajudem a alcançar esse objetivo.

Inaugurada uns dias antes do Carnaval, a mostra conta com uma coleção dedicada a esta época festiva, “palco muito importante para a marca”, com modelos mais criativos, ousados e glamorosos, que deslumbram com as suas plumas, macramé aramado e bases metálicas.

A coleção Big 5, por sua vez, explora referências a África e à natureza, esculpindo as silhuetas de cinco animais com arames forrados.

Já a linha Godness evoca diferentes expressões mitológicas de celebração do feminino com recurso a elementos como renda árabe e bordados com cristais. Valentes é o nome de uma outra coleção que pretende ser um “retrato da mulher atual: guerreira, desteminda, ousada e fashion” com chapéus com formas marcantes forradas a veludo, abas largas e franjas de cristais.

Shadows, por seu lado, transpõe para os chapéus o impacto que teve na criatividade a pandemia, época marcada pela excassez de materiais e problmeas logísticos. Finalmente, a linha Majestade, que evoca a beleza das rainhas.

Dedicada exclusivamente à Alta Chapelaria 100% feminina nos últimos 12 anos, Graciella Sterling nasceu em Minas Gerais e foi lá que fundou a Menina de Minas, marca de acessórios de moda que foi uma escola e através da qual desenvolveu o gosto pelos chapéus. “Não basta ser bonito. Prezamos pela excelência, qualidade e conforto”, garante. Os modelos da linha casual rondam os 200 euros, mas os mais vistosos ultrapassam os mil.

Há cerca de um ano a criadora viajou até São João da Madeira para visitar a Fepsa, fábrica de feltros situada no concelho. Foi nessa ocasião que descobriu o museu onde agora expõe o seu trabalho. “Portugal, nomeadamente São João da Madeira, continua a ser o maior criador de chapéus de feltro, exporta para todo o mundo”, realça Tânia Reis, lamentando já não haver o hábito de usar chapéu.

“Acredito que quem poderá colocar o chapéu de novo na moda será a mulher”, comenta, notando o contraste para a realidade de há umas décadas em que era o homem quem usava este acessório. “O chapéu distingue a mulher, embeleza, traz requinte”, salienta.

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