Um em cada dez jovens foi vítima de ‘cyberbullying’ muito frequentemente, revelou estudo da Universidade do Porto.
Um em cada dez jovens foi vítima de ‘cyberbullying’ muito frequentemente, revelou estudo da Universidade do Porto.DR

‘Cyberbullying’. Maioria dos jovens oculta casos por vergonha e medo de ficar sem telemóvel

Ordem dos Psicólogos lança guia para ajudar pais e mães a identificar sinais de alerta.
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A maioria das vítimas de cyberbullying não procura ajuda dos adultos mais próximos, com medo do que poderão pensar sobre elas e receio de perderem o acesso às tecnologias digitais. A conclusão é da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), que esta segunda-feira, Dia Mundial de Combate ao Bullying, lança uma factsheet destinada a pais e mães, para ajudar a identificar sinais de alerta, formas de prevenir e como agir nos casos em que as crianças são alvo deste tipo de comportamento.

O cyberbullying é “uma forma de bullying cada vez mais frequente e consiste no uso da tecnologia para assediar, ameaçar, provocar ou embaraçar alguém”, explica a OPP, acrescentando exemplos dessa prática como “enviar mensagens cruéis, fazer um post insultando alguém, criar uma página falsa em nome de alguém, publicar uma imagem ou um vídeo desrespeitoso nas redes sociais”.

De acordo com um estudo da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), realizado em 2024, um em cada dez jovens foi vítima de cyberbullying muito frequentemente, sob a forma de comentários, boatos ou assédio. O inquérito, em que participaram 1262 jovens, com idades entre os 11 e os 21 anos, sendo 50,4% do sexo masculino, de dezenas de escolas de todo o país, revelou também que 32,5% dos jovens não fala com amigos sobre situações desagradáveis que experienciam online, o que pode denunciar o isolamento em que alguns vivem, não procurando suporte junto dos pares.

O risco de isolamento, ocultando problemas que podem ser graves de pais e amigos, impossibilitando assim a ajuda necessária, é precisamente um dos motivos que levou a OPP a avançar com este documento, considerando que o cyberbullying “não deve ser um fenómeno normalizado e aceite, não faz parte de ‘ser criança’ ou ‘crescer’, não torna as crianças ‘mais fortes’”. “Pode acontecer em qualquer local, a qualquer hora, de forma persistente. A partir do momento em que a criança ou o adolescente tem um telemóvel/computador/tablet, sem supervisão, está em risco”, advertem os psicólogos.

Nestas situações, a prevenção pode mesmo ser o melhor remédio. Nas recomendações feitas aos pais pela OPP surgem, entre outras, “estabelecer regras e horários de utilização das tecnologias digitais, em função dos horários de aulas, estudo e lazer” e “conhecer o mundo digital da criança ou jovem”, respeitando a privacidade do menor mas tendo presente as páginas e pessoas que segue nas redes sociais, bem como a forma como o este ocupa o tempo que passa online.

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