Costa avisa a Ucrânia. Aceitar que um país altere fronteiras pela força é um "precedente" que "conduziria mundo para o caos"
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, abordou com cautela a recente posição do presidente da Ucrânia, Voldymyr Zelensky, que se mostrou disponível para aceitar um cessar-fogo se os territórios controlados por Kiev ficarem sob a alçada da NATO. Uma trégua que não contemplaria no imediato as regiões controladas por Moscovo.
O antigo primeiro-ministro afirmou, em entrevista ao Observador, que "só a Ucrânia tem legitimidade para definir os termos em que está disponível para negociar", mas, ainda assim, o novo presidente do Conselho Europeu deixou um alerta.
"Aceitar o precedente" de que um país, "pela força", pode alterar fronteiras, "conduziria o mundo para o caos", afirmou António Costa.
O ex-chefe do Governo português revelou que já pediu para ter uma conversa com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ainda antes da tomada de posse, agendada para 20 de janeiro. "Acho que temos de falar e ver como a aliança entre os EUA e os países europeus prossegue e se reforça", justificou. Há que ouvir quais são as ideias em concreto do presidente Trump”, acrescentou.
Na mesma entrevista, Costa abordou ainda a Operação Influencer, que levou à queda do seu Governo, em 2023. “Tenho a consciência tão tranquila como tinha antes. Fiz o que me competia, pedi para ser ouvido, fui ouvido. Se houvesse indícios, a lei obrigava a ser constituído como arguido. Não fui constituído como arguido, deduz-se, portanto, que não havia indícios que justificassem essa constituição”, disse ao jornal online.
Questionado sobre se receia que a investigação se prolongue no tempo, António Costa disse que "quem não deve não teme" e que respeita as instituições. "O Ministério Público tem o seu tempo, os seus meios, os seus critérios de investigação e, portanto, é deixá-lo trabalhar", considerou.