Consumo de pescada com potenciais riscos para a saúde
Estudo liderado por cientistas do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra revelou valores de mercúrio elevados.
Uma investigação de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) concluiu que o consumo de pescada pode ter efeitos adversos para a saúde, devido a valores elevados de mercúrio detetados, anunciou esta segunda-feira a instituição.
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Em nota de imprensa enviada à Lusa, a UC explica que um novo estudo, liderado por cientistas do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), revelou que "os valores de mercúrio mais elevados foram determinados em espécies carnívoras (que se alimentam de animais mais pequenos), como a pescada".
Os níveis daquele metal pesado detetados pelos investigadores podem ter "efeitos adversos para a saúde humana devido à concentração de mercúrio", acrescenta o comunicado.
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O estudo "determinou a frequência semanal com que a população residente em Portugal pode consumir bacalhau, pescada e polvo cozido, bem como carapau e sardinha grelhados, de forma a prevenir efeitos adversos para a saúde, uma vez que algumas espécies marinhas podem conter elevadas concentrações de metilmercúrio", vinca a nota.
Citada no comunicado, Elsa Teresa Rodrigues, coordenadora do estudo e investigadora do DCV, frisou que o metilmercúrio, é "uma forma química do mercúrio com potencial de bioacumulação nos tecidos biológicos e com elevada neurotoxicidade".
A investigação comprovou que uma pescada com mais de um quilograma "cozida e consumida mais do que uma vez por semana", bem como carapau entre os 35 a 40 centímetros, grelhado e consumido "mais do que cinco vezes por semana", ultrapassam "o valor de metilmercúrio aceite como seguro e estabelecido pela Agência Europeia para a Segurança Alimentar".
Já bacalhau e polvo cozidos, assim como sardinha grelhada, "quando adquiridos e cozinhados nas condições testadas, podem ser consumidos sem restrições", notou.
Para chegar a estes resultados, a equipa da FCTUC -- que integrou, também, uma equipa de cientistas da Universidade de Aveiro -- adquiriu os produtos frescos no mercado, à exceção do bacalhau da Noruega (salgado e seco), e simulou os métodos culinários tradicionais em laboratório.
"A deteção e quantificação do mercúrio total e do metilmercúrio presente nas amostras cruas e cozinhadas foi feita por espectrometria de absorção atómica com combustão direta da amostra", descreveu Elsa Teresa Rodrigues.
De acordo com os cientistas, "verificou-se que os tratamentos culinários testados resultaram sempre num aumento da concentração de mercúrio; e que em todas as situações testadas (amostras cruas e cozinhadas, mercúrio total e metilmercúrio), os níveis mais elevados foram determinados na pescada e no carapau".
"Além do conhecimento científico produzido, com este estudo contribuímos para um regime alimentar seguro e saudável da população residente em Portugal, uma vez que respondemos a um dos desafios societais associados ao setor alimentar: ajudar a escolha informada dos consumidores", observaram.