Procriação Medicamente Assistida. Conselho alerta que inseminação caseira "é um crime"
Reinaldo Rodrigues / Global Imagens (Arquivo)

Procriação Medicamente Assistida. Conselho alerta que inseminação caseira "é um crime"

Alerta do presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida surge após ser noticiado que existem casos de mulheres que fazem inseminação em casa, sem assistência médica.
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O presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) alertou esta terça-feira que a inseminação realizada em casa “é um crime”, considerando ser uma “fantasia cultural” que devia ser evitada.

“As técnicas de procriação medicamente assistida, em que se incluem a inseminação artificial, são obrigatoriamente e legalmente apenas realizáveis em centros autorizados expressamente para o efeito. Se o CNPMA tivesse ou vier a ter conhecimento de algum caso concreto, terá de o comunicar ao Ministério Público, porque isso é um crime”, explicou à Lusa Carlos Calhaz Jorge.

O presidente do CNPMA comentava assim a manchete desta terça-feira do jornal Correio da Manhã que refere que existem casos de mulheres a engravidar em casa sem sexo, um método sem assistência médica, em que é inserido esperma na vagina com recurso a uma seringa.

Carlos Calhaz Jorge indicou que oficialmente não tem conhecimento de casos em Portugal, mas disse que há “zunzuns” que “são transmitidos pelos centros [de Procriação Medicamente Assistida]”.

“Lamento a existência de uma situação que me parece mais uma fantasia na cultura atual, em que na realidade toda a gente se preocupa – e legitimamente – com problemas de saúde, com riscos de doenças, mas, ao mesmo tempo – tal e qual como os negacionistas das vacinas – são complacentes em relação a determinado tipo de aspetos que deveriam ser evitados, e faz todo o sentido que sejam evitados em prol da qualidade de vida e de saúde”, salientou.

De acordo com o responsável, o método da “inseminação caseira” é “uma completa ilegalidade e do ponto de vista prático, em termos de respeito pela saúde e de evitar riscos de infeções ou riscos genéticos, é um absoluto contrassenso”.

“O que está em causa é o não escrutínio e a inexistência de critérios técnicos e de rastreios em relação aos doadores. Isto para já não falar no outro aspeto legal, que é, só as crianças eventualmente nascidas de doação poderão ter acesso à identidade dos dadores quando atingirem 18 anos. Portanto, ninguém mais envolvido nos procedimentos, nem os beneficiários ou as beneficiárias legalmente têm o direito de saber a identidade dos doadores”, realçou.

Neste caso de inseminação caseira, alertou Carlos Calhaz Jorge, as mulheres estão expostas a infeções sexualmente transmissíveis.

O presidente da CNPMA disse ainda que “é possível educar a população em geral” para “riscos que não fazem absolutamente sentido nenhum” e que “os procedimentos devem ser feitos em condições, em circunstâncias e em locais que minorem ao máximo – quase anulem – os riscos de este tipo de problemas com os quais podem eventualmente confrontar no futuro”.

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Autorizada transferência de esperma para inseminação 'post mortem'

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