Cirurgias adicionais. Hospital Santa Maria demite diretor de Dermatologia após dois casos suspeitos de abusos
O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria deverá nomear ainda na manhã desta terça-feira, 24 de junho, nova direção para o Serviço de Dermatologia. Esta decisão surge na sequência da saída do diretor Paulo Filipe, também presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), após ter sido confrontado ao final a tarde de segunda-feira com os resultados preliminares do inquérito interno à atividade cirúrgica adicional.
A notícia, avançada pela TVI/CNN e confirmada pelo DN, surge após mais um caso suspeito de contorno de regras na atividade cirúrgica adicional, realizada ao fim de semana, no âmbito do programa SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia), destinado a limpar as listas de espera. Desta vez, e como foi divulgado na sexta-feira, pela TVI, uma médica terá sido registada no sistema de codificação como tendo realizado cirurgias em dias em que esteve presente num congresso em Itália, tendo estas sido realizadas por médicos internos.
O primeiro caso a ser divulgado foi o do médico Miguel Alpalhão, no final de maio, que terá ganho mais de 50 mil euros num só sábado e mais de 700 mil em mais de dez sábados. O caso está a ser investigado pelo Ministério Público e também pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Segundo soube o DN, o presidente da administração da ULS, Carlos Martins, foi confrontado com a existência do segundo caso, o da médica Rita Travassos, no dia em que deu a entrevista à TVI, 20 de maio, sobre o caso do médico Miguel Alpalhão. No dia seguinte, pediu ao diretor de serviço que o registo da codificação fosse corrigido, para passar a vigorar o nome de quem, de facto, realizou as cirurgias já que a médica estava em Itália no período indicado, mas o hospital ainda aguarda explicações formais da médica sobre o sucedido. A médica terá recebido mais de 100 mil euros em sete sábados de 2024.
Mas de acordo com o que foi referido na reportagem da TIV/CNN há mais queixas sobre o funcionamento do Serviço de Dermatologia, nomeadamente o facto de as urgências das 9:00 às 21:00 estarem a ser garantidas, na sua maioria, por médicos internos, que ainda estão em formação.