Casos de gripe A aumentam e já se fazem sentir nos Cuidados Intensivos

Casos de gripe A aumentam e já se fazem sentir nos Cuidados Intensivos

14,3% das admissões em UCI nos hospitais, na semana de 8 a 14 de dezembro, foram motivadas por gripe A, revela o INSA. Mortalidade por todas causas registou valores acima do esperado em Portugal.
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Portugal está a registar um aumento significativo de casos graves de gripe, com impacto direto nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), segundo os dados mais recentes do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, referentes à semana 50 de 2025 (8 a 14 de dezembro). O boletim mostra que, apesar das temperaturas acima do normal para a época, a gripe A está a ter um impacto relevante no sistema de saúde.

De acordo com atualização semanal do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, 14,3% das admissões em UCI nessa semana foram motivadas por gripe A, um valor que representa um aumento expressivo face à semana anterior, quando a proporção era de apenas 4%. Trata-se do valor mais elevado registado desde o início desta época gripal 2025/2026 e um dos mais altos da última década, só superado por uma das semanas da época gripal 2023/24.

Nesta última semana em análise, foram reportados 16 novos internamentos por gripe em UCI, sobretudo em doentes mais velhos: quase metade (sete) tinha 65 ou mais anos, seguindo-se o grupo etário dos 55 aos 64 anos, com cinco. A maioria (13) apresentava doença crónica subjacente, o que confirma que os grupos de risco continuam a ser os mais afetados pelas formas graves da infeção.

Outro referido no boletim é a baixa cobertura vacinal entre os doentes internados em cuidados intensivos. Apesar de quase todos terem indicação para vacinação contra a gripe sazonal (14), apenas uma minoria (três) tinha sido vacinada.

Desde o início da época gripal, já foram contabilizados 46 casos de gripe que obrigaram a internamento em cuidados intensivos (UCI) nos hospitais portugueses, com uma tendência crescente desde meados de novembro. Todos os casos identificados correspondem ao vírus Influenza A, claramente dominante nesta época.

Desde o início da época de vigilância da gripe, na semana 40/2025 (29 de setembro a 05 de outubro), os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe e Outros Vírus Respiratórios (hospitais) notificaram 38.469 casos de infeção respiratória e 5.587 casos de gripe.

Na semana passada, foram identificados 1.269 casos positivos para o vírus da gripe, dos quais 1.267 do tipo A e 2 do tipo B.

“A circulação do vírus da gripe continua a aumentar, com a maioria dos países a reportar uma atividade gripal generalizada de intensidade baixa a média”, refere o INSA, indicando o influenza A é dominante em todos os países, com o A(H3N2) a impulsionar a tendência de aumento nas últimas semanas.

Segundo o INSA, a circulação é maior nas crianças dos 5 aos 14 anos, observando-se um aumento dos internamentos em alguns países, afetando todos os grupos etários, mas principalmente os adultos com 65 ou mais anos.

A atividade da gripe aumentou três a quatro semanas mais cedo do que nas duas épocas anteriores.

Mortalidade excessiva em dezembro

Nesta semana, a mortalidade por todas causas registou valores acima do esperado em Portugal, tendo sido identificados excessos de mortalidade nas regiões Norte, Centro e Algarve, em ambos os sexos e nas pessoas com mais de 75 anos.

Aliás, segundo o portal Sico, de vigilância da mortalidade, Portugal regista já mais de 540 mortes em excesso no mês de dezembro - 230 das quais nos últimos sete dias -, tendo atravessado recentemente um período de nove dias consecutivos com excesso de mortalidade, entre 6 e 15 de dezembro.

Outros vírus respiratórios

Desde o início desta época, foram também identificados outros agentes respiratórios em 2.972 casos, sendo que na semana em análise no boletim divulgado foram identificados 276 casos, sendo o Vírus Sincicial Respiratório (RSV) e os Rinovirus/Enterovirus os mais frequentemente detetados.

De acordo com o INSA, foram registados níveis baixos de atividade de RSV no que se refere aos internamentos em crianças menores de 24 meses na semana em análise.

Analisando a situação internacional, o INSA refere que o número de doentes que procuraram os cuidados de saúde primários com sintomas de doença respiratória aguda foi elevado em aproximadamente metade dos países que reportaram dados, indicando que existe atualmente uma circulação significativa de vírus respiratórios na União Europeia e no Espaço Económico Europeu (UE/EEE).

Com Lusa

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