Caso de aluno em Cinfães com dedos amputados: Inspeção-Geral da Educação abriu processo
Foto: Pedro Correia (Arquivo)

Caso de aluno em Cinfães com dedos amputados: Inspeção-Geral da Educação abriu processo

Inquérito de averiguações foi iniciado "a pedido do diretor geral da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares", segundo o Governo.
Publicado a
Atualizado a

A Inspeção-Geral da Educação abriu um processo para averiguar as circunstâncias em que um aluno da escola de Fonte Coberta, em Cinfães, Viseu, perdeu as pontas de dois dedos, revelou este sábado (15) à Lusa fonte do Ministério da Educação.

“A Inspeção-Geral da Educação e Ciência determinou a abertura de um processo de averiguações sobre o incidente, a pedido do diretor geral da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares”, revelou o gabinete do Ministro da Educação, em resposta à Lusa.

Na sexta-feira, Carlos Silveira, o diretor do Agrupamento de Escolas de Souselo, em Cinfães, no distrito de Viseu, onde na segunda-feira uma criança ficou com as pontas dos dedos amputadas, tinha indicado à Lusa a abertura de um inquérito interno “para apurar os factos”.

A situação foi denunciada por Nivia Estevam, que na rede social Instagram se apresenta como “mãe da criança de 9 anos que teve as pontas dos dedos amputados dentro da escola em Portugal”, no concelho de Cinfães.

“Duas crianças fecharam a porta nos dedos do meu filho” quando ele foi à casa de banho, impedindo-o “de sair e pedir ajuda”, contou Nivia Estevam numa das publicações, acrescentando que o menino “perdeu muito sangue e precisou de se arrastar por baixo da porta com os dedos já amputados”.

Caso de aluno em Cinfães com dedos amputados: Inspeção-Geral da Educação abriu processo
BE questiona Governo sobre criança que teve dedos amputados em escola. Advogadas vão apoiar mãe na justiça

O menino foi submetido a três horas de cirurgia no Hospital de São João, no Porto, e irá ficar “com sequelas físicas e psicológicas”, afirmou, pedindo ajuda jurídica para enfrentar o momento que está a viver.

Segundo Nivia Estevam, o episódio de segunda-feira aconteceu depois de já ter feito outras queixas relativas a “puxões de cabelo, pontapés e enforcamento”, sendo que “nenhuma atitude foi tomada pela escola”.

A mãe criticou o facto de, na segunda-feira, a escola não ter acionado a PSP, não lhe ter explicado a gravidade da situação (da qual só se apercebeu quando já ia na ambulância) e de as funcionárias terem limpado “todo o local” do incidente.

“A escola está a tratar isto como uma brincadeira que correu mal”, lamentou.

Carlos Silveira escusou-se a dar mais esclarecimentos sobre o que aconteceu na segunda-feira, por decorrer o inquérito interno, mas garantiu que “os socorros foram prontamente chamados” e a escola desenvolveu os procedimentos adequados.

“Não há PSP em Cinfães, só GNR. Quando é acionado o INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica], se considerar que é uma situação grave, automaticamente entra em contacto com as forças de segurança”, explicou.

O pedido de ajuda de Nivia Estevam foi ouvido e um grupo de 15 advogados já se disponibilizou para tratar do processo.

“Vamos proceder à queixa ao Ministério Público e vamos tratar do processo administrativo, da responsabilidade civil da escola em termos de vigilância e do processo cível”, revelou à Lusa a advogada Catarina Zuccaro.

No que respeita à questão criminal, os advogados vão estudar o que poderá ser feito, porque “os envolvidos são menores de idade”, mas terão de ser responsabilizados, acrescentou.

“Somos 15 advogados que vamos atuar. Cada núcleo vai ficar com uma parte: com o criminal, com o administrativo e com o cível”, explicou Catarina Zuccaro.

Caso de aluno em Cinfães com dedos amputados: Inspeção-Geral da Educação abriu processo
Agrupamento de Escolas de Souselo em Cinfães investiga situação que levou à amputação de dedos de aluno

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt