Capturados em Espanha os dois últimos fugitivos de Vale de Judeus
A polícia espanhola deteve esta quinta-feira em Alicante os dois últimos fugitivos de cadeia de Vale de Judeus.
O argentino Rodolf José Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer, do Reino Unido, estavam a viver nesta cidade do sudeste de Espanha. O primeiro estava a cumprir uma pena de 18 anos de prisão por crimes como associação criminosa, furto e falsificação. Já o britânico estava acusado pelos crimes de roubo e sequestro.
Esta dupla fugiu do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus a 7 de setembro com mais três reclusos, já capturados.
A operação desta quinta-feira, cinco meses depois da fuga, feita pela polícia espanhola foi o culminar das investigações que a Polícia Judiciária iniciou logo após ter sido dado o alerta da fuga dos cinco presos.
De acordo com um comunicado da PJ as detenções surgiram após "persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca de informação da Polícia Judiciária com as autoridades espanholas".
No documento que divulgou a PJ lembra que "Rodolfo José Lohrmann, tem uma extensa carreira criminal, referenciado pelo envolvimento em criminalidade altamente organizada e especialmente violenta, de âmbito internacional, dos quais se sublinham os crimes de associação criminosa, branqueamento, roubo a banco, detenção de arma proibida, falsificação/contrafação de documentos e furto qualificado" e que tinha sido detido em Portugal em 16 de novembro de 2016.
Já Mark Cameron Roscaleer "está referenciado pela prática de criminalidade especialmente violenta, como roubo com arma de fogo e sequestro" . O britânico "cumpria pena de prisão de 9 anos, com início de reclusão a 10 de maio de 2019".
Fuga a 7 de setembro
Os cinco reclusos fugiram há cinco meses do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.
Foi na manhã de 7 de setembro que, com a ajuda de alguns elementos que estavam no exterior da prisão e atiraram uma escada por cima do muro, escaparam à vigilância dos guardas e da videovigilância.
O quinteto era constituído pelos portuguese Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, o georgiano Shergili Farjiani, o argentino Rodolf José Lohrmann, e Mark Cameron Roscaleer, do Reino Unido.
A fuga só foi detetada 40 minutos depois de ter sido acontecido - mais tarde as imagens de videovigilância confirmaram que tal aconteceu às 09.56 - quando os guardas efetuaram a contagem de regresso às celas.
No entanto, o alerta para as autoridades só foi dado cercad de duas horas depois, facto que mereceu inúmeras críticas à atuação da guarda prisional.
Em fuga um mês
Depois de iniciadas as investigações para tentar capturar os fugitivos, demorou cerca de um mês até a Polícia Judiciária capturar o primeiro.
Fábio Loureiro foi o primeiro a ser detido quando estava em Tânger, tendo sido capturado numa operação que envolveu a Polícia Judiciária e as autoridades marroquinas.
Seguiu-se Fernando Ferreira que estava escondido numa aldeia de Montalegre. Já tinham passado 48 dias da fuga quando a Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ com o apoio da GNR, com elementos do Grupo de Intervenção e Operações Especiais, o deteve pouco passava das 07:00 da manhã, na aldeia transmontana de Castanheira de Chã, no concelho de Montalegre. Fernando Ribeiro Ferreira ainda tentou fugir, mas o dispositivo policial, composto por cerca de 40 operacionais, não o permitiu.
O terceiro fugitivo a ser capturado foi o georgiano Shergili Fargili. Também neste caso houve colaboração entre autoridades policiais pois estava em Pádua (Itália).
Demissão e processos disciplinares
A fuga dos cinco homens teve uma primeira consequência a demissão do então diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa Gonçalves, e a abertura de processos disciplinares a oito guardas prisionais.
Processos que deixaram claro que não houve qualquer tipo de cumplicidades dos guardas na fuga, como frisou o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, quando se conheceu o relatório do Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.
Recorde-se que para o lugar de Rui Abrunhosa Gonçalves foi nomeado Orlando Carvalho (que dirigia a prisão de Coimbra).
Ministra da Justiça elogia PJ
Entretanto, a ministra da Justiça, Rita Júdice, já comentou a operação de hoje, com uma declaração onde elogia a ação da PJ.
“É muito gratificante ver que, cinco meses depois da fuga de cinco reclusos perigosos de Vale de Judeus, todos foram recapturados. Este êxito é uma prova da confiança que os cidadãos devem ter nas nossas polícias. Como Ministra da Justiça nunca perdi a confiança na nossa Polícia Judiciária e nos frutos do esforço de cooperação internacional. À equipa da PJ e ao seu Diretor renovo o meu reconhecimento pelo excelente trabalho na recaptura destes foragidos.”
"Uma boa notícia para a Justiça", diz Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa reagiu esta quinta-feira com à captura dos dois últimos reclusos que tinham fugido de Vale de Judeus.
"É uma boa notícia para a justiça, é uma boa notícia para os portugueses, porque acabou por suceder muito mais rapidamente do que alguns pensariam, e é bom que a justiça funcione assim", disse o PR, no final da sua visita oficial à República Checa.