Buscas na Câmara de Oeiras visam "almoços de trabalho". Isaltino Morais de "consciência tranquila"
A Câmara Municipal de Oeiras está a ser alvo, esta quinta-feira, de buscas, realizadas pela Polícia Judiciária (PJ). Em causa uma investigação que visa despesas de refeições descritas como almoços de trabalho.
O presidente da Cãmara de Oeiras, o independente Isaltino Morais já reagiu às buscas ao afirmar que visam "almoços de trabalho realizados pela autarquia". "São almoços de trabalho que todas as autarquias realizam" e que fazem parte da "atividade administrativa normal", acrescentou.
Isaltino Morais disse que está a colaborar com as autoridades, dizendo que na maior parte dos almoços em causa o presidente da Câmara não está presente. "São almoços de trabalho, desde vereadores com funcionários, com técnicos, com pessoas vindas de países estrangeiros, com pessoas da administração central, com empresas públicas, com universidades, portanto, estamos a falar de uma situação absolutamente normal", afirmou em declarações ao jornalistas.
"Claro que estou de consciência tranquila", adiantou o autarca.
A informação foi avançada pela TSF, citando fonte da autarquia, que fez saber que está a colaborar com as autoridades. As diligências da PJ visam também o edifício Atrium.
"As buscas estão relacionadas com almoços de trabalho do município, como foi do conhecimento público no ano passado, e decorrem nos Paços do Concelho e no Edifício Atrium [com serviços municipais]", indicou a Câmara de Oeiras, numa resposta escrita enviada à Lusa.
As buscas e o âmbito do processo foram também confirmados à Lusa por fonte ligada à investigação, segundo a qual o inquérito é titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
A fonte indicou que em causa estão suspeitas dos crimes de prevaricação, abuso de poder e peculato.
Em agosto do ano passado, a revista Sábado noticiou que, "em seis anos, a Câmara de Oeiras pagou mais de 139 mil euros em 'almoços de trabalho'" com elementos do executivo e das suas equipas.
Estão em causa 1.441 "almoços de trabalho", como revelou a reportagem da revista, tendo as faturas das refeições revelado o "consumo maciço" de lavagante, sapateira, lagostas, ostras, presunto pata negra e Moët & Chandon, havendo almoços "à mesma hora em restaurantes diferentes".
Na altura, Isaltino Morais, disse à publicação que "não é nem nunca foi prática a refeição com extravagâncias", referindo que "as faturas apresentadas passam por um controlo contabilístico".
Autarquia refere que está a disponibilizar toda a documentação solicitada pelas autoridades no âmbito das diligências efetuadas esta quinta-feira.