Francisca fez uma chamada de vídeo com a mãe às 13h, hora de Brasília no dia 20 de junho.
Francisca fez uma chamada de vídeo com a mãe às 13h, hora de Brasília no dia 20 de junho.Foto: DR

Brasileira continua desaparecida e família espera respostas

O DN conversou em exclusivo com Dora Souza, prima da vítima, que mora em Portugal.
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A família da brasileira Francisca Maria Santos está cada dia mais desesperada com o desaparecimento da imigrante, que não é vista há de um mês. A Polícia Judiciária (PJ) investiga o caso, mas sem avanços até agora. "Apenas nos dizem para esperar, que estão investigando", conta ao DN Dora Souza, prima de Francisca.

Dora, que vive em Portugal há cinco anos, é quem está a acolher Antônio, irmão de Francisca, que veio para Portugal acompanhar as buscas, após uma arrecadação de dinheiro, porque a família não tem condições financeiras. Na quarta-feira passada, 18 de julho, Antônio e Dora e o seu marido foram até Tabuaço, onde vive Francisca.

"Inicialmente o senhorio não queria nos deixar entrar na casa, ligamos para a GNR e para a PJ, aí deixou. As coisas dela estavam todas lá, carteira, televisão ligada, as cartas embaixo da porta", conta ao DN. O jornal teve acesso ao vídeo da entrada no imóvel, um momento de emoção para os familiares.

Segundo Dora, o senhorio deu apenas três dias para retirada dos pertences do imóvel. "Não fomos lá para vender nada, como disseram nas notícias. Tivemos que tirar em um dia porque tínhamos que devolver a casa", explica ao jornal. "Uma vizinha viu a situação e disse que poderia ficar com algumas coisas, para que o Antônio tivesse algum dinheirinho pra ficar aqui", explica.

Os familiares retiraram os pertences pessoais da brasileira e levaram para a casa de Dora, no Seixal. "Estou aqui com as coisinhas dela, que trouxe as roupinhas dela, os bens materiais dela aqui, tos documentos, tudo dela, que está aqui comigo, o único bilhetinho que estava na mesinha de cabeceira dela, o bilhete, a bíblia e a aliança", conta.

Foto do bilhete encontrado na casa de Francisca.
Foto do bilhete encontrado na casa de Francisca.Foto: DR

Segundo a imigrante, além da preocupação com o desaparecimento, o irmão da jovem está "muito triste com coisas que falaram que não é verdade", sobre outros bilhetes, um outro possível namorado, empréstimo de dinheiro ou a venda dos móveis. "Mas aí já falaram muita coisa aí que não é verdade, a gente fica triste com isso, porque o nosso foco é encontrar a Francisca, o nosso foco é trazer a Francisca pra cá. O Antônio chora muito, a dona Conceição (mão de Francisca) também, é uma tristeza", relata.

Dora diz que não pode falar em suspeitas, por não ter provas de nada. "A gente não pode acusar, mas suspeita sim, a gente, mundo sabe que nesses casos o namorado é o primeiro suspeito, porque é ele que tava com ela, ele que ligou pra dona Conceição, dizendo que ela tinha desaparecido, mas que ela não se preocupasse, que lá já tinha cães farejadores", destaca. No entanto, o namorado, que vive em Lisboa, já foi ouvido pela PJ e não ficou detido. Mas as autoridades apreenderam-lhe o telemóvel.

Tabuaço, onde Francisca vive, tem pouco mais de 6 mil habitantes. Os familiares acham estranho que ninguém tenha visto nada. "É impossível, não tem como sumir assim, sem ninguém ver. Eu acho que alguém viu, mas não quer falar", pontua.

"Quero dar uma resposta para dona Conceição"

A brasileira reafirma a angústia que todos vivem, aqui e, principalmente, no Brasil. "É muito angustiante. A dona Conceição chora todo dia, eu já não consigo falar com ela sem chorar, eu peguei essa dor pra mim", destaca.

Dora descobriu ser prima de Francisca por acaso. Ela viu uma notícia lá da minha cidade sobre o desaparecimento e por ser da mesma região no Brasil, procurou a irmã da brasileira. "Foi coisa de Deus", cita. Foi Dora quem começou a divulgar o caso no Tik Tok e a arrecadar dinheiro para a vinda de Antônio.

O objetivo da brasileira é conseguir um desfecho para a história. "Eu tenho que dar resposta pra aquela senhora, eu tenho que que falar alguma coisa pra ela. Eu tenho que levar alguma coisa pra ela, tem que acabar esse sofrimento", desabafa.

Comportamento normal

Numa entrevista anterior ao DN Brasil, o irmão da vítima revelou que não sentiu nenhum comportamento diferente por parte da irmã antes do desaparecimento. De acordo com o irmão da imigrante, "ela estava muito feliz", porque tinha obtido o título de residência e planejava ficar um mês no Brasil com a família. A brasileira, natural do Maranhão, vive em Portugal há quase quatro anos, período em que não podia visitar a terra natal por estar esperando a documentação.

Ela foi vista pela última vez em casa por volta das 23h do dia 20 de junho. A última visualização no WhatsApp foi às 23h09 no horário de Lisboa. Naquela tarde, Francisca fez uma chamada de vídeo com a mãe às 13h, hora de Brasília. A imigrante morava sozinha e trabalhava num café da cidade, sendo o desaparecimento notado inicialmente pelos patrões.

amanda.lima@dn.pt

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