Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos
Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos MédicosPedro Correia / Global Imagens

Bastonário reuniu-se com médicos e administração do Amadora-Sintra para tentar resolver situação nas urgências

Carlos Cortes esteve na tarde desta quarta-feira, dia 12, reunido com os 30 médicos que, na semana passada, lhe dirigiram uma carta sobre “a situação insustentável das urgências” e com o Conselho de Administração do hospital para “estabelecer pontes” de forma a que “os cuidados aos utentes não sejam afetados”.
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Trinta médicos do Serviço de Urgência do Hospital Fernando da Fonseca (HFF) escreveram na semana passada uma carta ao bastonário da classe, Carlos Cortes, a descrever o retrato do que vivem diariamente e que classificam como “uma realidade que já ultrapassa todos os limites da segurança e da dignidade profissional”. Uma realidade que, segundo diziam nesta missiva, “tem levado a muitas escusas de responsabilidade”.

Esta carta, divulgada pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul, surgiu dias depois de o HFF (vulgo Amadora-Sintra) ter sido, de novo, notícia pelos tempos de espera dos doentes urgentes no próprio serviço de urgência, tendo alguns que esperar pela primeira observação médica quase 24 horas.

A missiva levou Carlos Cortes a reunir-se na tarde desta quarta-feira, dia 12, com os 30 médicos e também com o Conselho de Administração da unidade. Segundo apurou o DN, as reuniões decorreram em separado, sendo que o objetivo do bastonário “foi de sensibilizar o Conselho de Administração para a necessidade de receber e de ouvir estes médicos para que os cuidados aos doentes não venham a ser afetados”.

Recorde-se que, no alerta feito por escrito ao bastonário, os médicos alertavam para o funcionamento das urgências com “equipas reduzidas e com elementos pouco diferenciados”, havendo, por vezes, só um especialista escalado para uma área de influência de mais de 500 mil habitantes.

De acordo com os médicos, é esta situação que tem resultado também em “tempos de espera inaceitáveis e condições de trabalho que colocam em causa” a prestação de cuidados, já que o mesmo especialista tem de dar também apoio a 300 camas de internamento.

Mas esta realidade tem motivado cada vez mais médicos a apresentarem escusas de responsabilidade – ou seja, não se responsabilizam pelo que possa acontecer por falta de condições de trabalho. Para a Ordem, “a situação é muito complexa” e "tem de ser resolvida de forma a não afetar os cuidados aos utentes", considerando ser necessário que sejam “estabelecidas pontes para que haja diálogo entre médicos e administração e encontradas soluções para os problemas relatados”.

Após esta reunião, o DN apurou que "não foram assumidos compromissos", mas, pelo menos, ficou a "sensibilização para que a administração receba e escute os seus profissionais". Recorde-se que este conselho de administração do HFF está demissionário, desde há duas semanas, e a aguardar substituição, após uma falha de comunicação do CA do hospital que a ministra considerou "grave" sobre a grávida de 38 semanas que regressou ao hospital, depois de ter estado em consulta, e que acabou por morrer, tal como a bebé a que deu à luz. O hospital transmitiu à ministra que esta grávida não era acompanhada em Portugal, mas afinal era, desde junho, no Centro de Saúde Agualva-Cacém.

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