A Polícia Judiciária (PJ), com o apoio da Marinha, da Autoridade Marítima Nacional e da Força Aérea Portuguesa, desencadeou uma operação de combate ao tráfico internacional de estupefacientes, por via marítima, que culminou na interceção de duas embarcações de pesca, em alto mar, a cerca de 1000 milhas náuticas (aproximadamente 1852 quilómetros) de Lisboa, com 10 cidadãos estrangeiros a bordo, tendo apreendido mais de sete mil quilos de cocaína.A droga tinha como destino a Península Ibérica e seria depois transportada para outros países europeus, revelou este sábado, 22 de novembro, a PJ, um dia depois de ter dado a conhecer a "Operação Renascer".Artur Vaz, da Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária (PJ), disse em conferência de imprensa que a droga se destinava a “ser transferida em alto mar para embarcações de alta velocidade que, por sua vez, a fariam introduzir nas costas da Península Ibérica, para posteriormente seguir para outros países europeus”.A investigação coordenada pela Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ iniciou-se com base em informação remetida pelo Maritime Analysis and Operations Centre – Narcotics (MAOC-N), que dava conta de um possível transporte de produto estupefaciente, por via marítima, já em curso com destino à Europa, "nomeadamente a território nacional", indica um comunicado conjunto enviado às redações."As embarcações, provenientes da América do Sul, transportavam uma quantidade substancial de produto estupefaciente, que terá sido carregada ao largo da costa do Brasil", refere a nota..Com o objetivo de intercetar as embarcações, de forma a evitar que as mesmas pudessem efetuar o transbordo dos fardos de cocaína para embarcações de alta velocidade, "foi empenhado um vasto conjunto de meios da Marinha, pertencentes à Componente Naval do Sistema de Forças, da Autoridade Marítima Nacional, da Força Aérea e elementos da Polícia Judiciária.Artur Vaz detalhou este sábado que a operação decorreu em águas internacionais e que o local de interceção das embarcações de pavilhão brasileiro foi o que “pareceu mais vantajoso do ponto de vista operacional”.A bordo estavam 10 cidadãos de nacionalidade brasileira, sem antecedentes criminais, sendo que cinco deles foram já presentes a primeiro interrogatório judicial, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva, enquanto os outros cinco serão presentes a tribunal “oportunamente”, adiantou o responsável da PJ..O responsável pela Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ adiantou que a operação foi desenvolvida nas duas últimas semanas e decorreu em duas fases, com grande complexidade, tendo a investigação sido iniciada a partir de informação remetida pelo Maritime Analysis and Operations Centre – Narcotics (MAOC-N), que dava conta de um possível transporte de droga por via marítima, que se encontrava em curso com destino à Europa.Também presente na conferência de imprensa deste sábado, o comandante Ricardo Sá Granja, da Marinha Portuguesa, revelou que a operação obrigou a que fossem percorridas mais de 3935 milhas náuticas (aproximadamente 7.280 quilómetros) e a 339 horas de empenho direto de militares. .Este ano, a Marinha já colaborou na apreensão, em alto mar, de mais de 17 toneladas de cocaína. Em comunicado divulgado na manhã deste sábado, a Marinha Portuguesa especificou ter colaborado, na madrugada de 17 de novembro, na apreensão de quatro toneladas e meia de cocaína a bordo de uma embarcação de pesca, enquanto na tarde do dia 20 de novembro, passada quinta-feira, foi possível intercetar, na mesma zona, uma segunda embarcação, que transportava mais de duas toneladas e meia de cocaína.“Através do empenhamento de um vasto conjunto de meios da Componente Naval do Sistema de Forças, designadamente das capacidades de comando e controlo, de patrulha e fiscalização, e de projeção de força, a Marinha intercetou estas embarcações, numa operação que envolveu mais de 210 militares e contou também com o apoio da Autoridade Marítima Nacional, através Comando Regional da Polícia Marítima da Madeira”, acrescentou.De acordo com informação revelada este sábado, durante este ano, a Marinha já colaborou na apreensão, em alto mar, de mais de 17 toneladas de cocaína, destacando-se a interceção de dois semissubmersíveis (vulgarmente chamados de narco submarinos) em março e outubro deste ano.A investigação da operação “Renascer” contou, ainda, com a colaboração Polícia Federal do Brasil, da Agência DEA (Drug Enforcement Administration) dos EUA, da JIATF West (Joint Interagency Task Force West) também dos Estados Unidos, e da NCA (National Crime Agency) do Reino Unido.António Castilho, da Polícia Federal do Brasil, sublinhou na conferência de imprensa deste sábado, que decorreu na sede da PJ, em Lisboa, a importância da “cooperação internacional”, considerando que “não há outra forma de derrotar o crime”.“O Brasil não produz um grama de cocaína (…), mas o território brasileiro é usado como passagem de droga, principalmente para África, Europa e Ásia”, acrescentou Castilho.Com Lusa.5800 Kg de droga e 9 armas. PSP mostra o resultado de uma operação de combate ao tráfico de estupefacientes