Passava pouco do meio-dia. A procissão da Nossa Senhora do Monte, uma das festas mais concorridas da Madeira, estava prestes a começar no Largo da Fonte, no concelho do Funchal, quando se deu a tragédia. Uma árvore de grande porte, um carvalho com cerca de 200 anos, desabou sobre uma parte da multidão, causando pelo menos 13 mortos e 49 feridos, 12 dos quais em estado grave..Dez pessoas morreram no local, outras três faleceram já no hospital. Uma criança e quatro estrangeiros de três nacionalidades (francesa, húngara e alemã) estão entre as vítimas mortais. O Ministério Público já instaurou um inquérito..Durante a tarde de ontem circularam informações contraditórias sobre a árvore, que seria um plátano e que já estaria sinalizada como em risco de queda iminente, mas o o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, negou todas essas informações. "A árvore que caiu hoje é um carvalho, não um plátano", afirmou em conferência de imprensa, sublinhando que ela "apresentava uma copa verde e saudável, não aparentando qualquer anomalia fitossanitária"..O autarca assegurou ainda que "nunca deu entrada nos serviços camarários qualquer queixa com vista à limpeza ou abate [da referida árvore], por parte de instituições públicas, mormente da junta de freguesia do Monte, do proprietário do terreno, nem dos cidadãos"..Idalina Silva, a presidente da Junta de Freguesia do Monte, onde se situa o Largo da Fonte, afirmara anteriormente à Lusa ter feito vários pedidos de intervenção à Câmara do Funchal, para a limpeza das copas das árvores na zona, assegurando que já não eram desbastadas "há muito tempo"..Citada no Diário de Notícias da Madeira, Idalina Silva garantiu ter notificado por várias vezes a Câmara Municipal do Funchal para a necessidade de corte e desbaste "dos plátanos existentes desde o Largo da Fonte até ao Largo das Babosas". Dava ainda conta da sua preocupação, "atendendo ao facto de que no dia 5 de agosto se iniciam as festas da Nossa Senhora do Monte, período no qual se concentram centenas de pessoas na área em referência", como se lê no documento endereçado em julho à câmara, citado no Diário de Notícia da Madeira..Ontem, Paulo Cafôfo garantiu que "todos os pedidos e reclamações que deram entrada nos serviços camarários, desde 2013, disseram respeito a sucessivas limpezas de plátanos, que foram sempre prontamente efetuadas". E afirmou que "a Câmara Municipal do Funchal assumirá todas aquelas que forem as suas responsabilidades"..Seja como for, a queda iminente de árvores naquela zona da freguesia do Monte, onde elas são quase todas de grande porte, como o carvalho que causou a tragédia, era algo que já preocupava há algum tempo a população da zona, segundo o Funchal Notícias..Em março, aquele órgão de comunicação noticiou a queda de um galho de grandes dimensões junto ao Café do Parque, no Largo da Fonte, e ouviu alguns residentes. Um deles, António Mendonça, dizia-se muito preocupado, por "falta de uma solução" para o problema. "Um dia destes há uma desgraça e ninguém é responsável", disse na altura..Choque, pesar e luto.O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou ontem ao fim da tarde ao Funchal para dar "conforto, solidariedade e apoio" ao povo madeirense", como disse, à chegada, aos jornalistas. Questionado sobre o apuramento de responsabilidades, Marcelo sublinhou que "o Presidente da República não tem de opinar sobre isso, que é uma matéria da competência das autoridades regionais"..As reações de pesar foram chegando de todos os lados, desde os partidos aos órgãos de soberania. Foi o caso do primeiro-ministro, António Costa, que expressou "condolências pelas vítimas" e informou que o governo "disponibilizou apoio médico face ao elevado número de vítimas". Também o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, manifestou "profundo pesar" aos familiares das vítimas e aos feridos, bem como o bispo do Funchal, António Carrilho, que divulgou uma nota falando de "grande consternação"..Este é o segundo ano consecutivo que as festas de Nossa Senhora do Monte são marcadas pela tragédia. No ano passado, o Funchal foi assolado por incêndios. Com Lusa