ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Ao quarto dia de protestos, a direção nacional da PSP recebe sindicatos

A contestação dos polícias começou num movimento inorgânico que surgiu dentro da PSP contra um suplemento de missão atribuído pelo Governo apenas à PJ. O protesto, em forma de concentração diante da Assembleia da República, alastrou-se a outras cidades do país.
Publicado a
Atualizado a

A direção nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) recebe esta quinta-feira os sindicatos representativos do setor, perante o momento de contestação e protestos de agentes desde segunda-feira por melhores condições salariais e de trabalho.

Fonte oficial da direção da PSP disse à Lusa que a reunião iria ter lugar na sede, na Penha de França, em Lisboa, a partir das 10:30, e que estariam presentes seis sindicatos: Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP-PSP), Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Sindicato Independente da Polícia (SIAP), Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) e Sindicato Nacional da Carreira de Chefes da PSP (SNCC).

A mesma fonte indicou que não foi definida uma agenda de trabalho pelo diretor nacional, Barros Correia, para a reunião, mas o foco estará na contestação dos polícias, que começou num movimento inorgânico que surgiu dentro da PSP contra um suplemento de missão atribuído pelo Governo apenas à Polícia Judiciária (PJ) e que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

Os elementos da PSP, aos quais também se juntaram militares da GNR e guardas prisionais, consideram tratar-se de um "tratamento desigual e discriminatório". 

A reunião com os sindicatos ocorre no dia seguinte ao envio de um email por Barros Correia aos polícias, no qual destacou a importância de cumprir a missão da PSP, independentemente do sentimento de insatisfação.

Apesar de declarar a sua concordância "com a justeza desta causa" e as expectativas de valorização salarial, o diretor nacional apelou ao "bom senso" dos profissionais.

"Embora percebendo e apoiando esta causa, relembro da nossa importante missão de salvaguarda do cumprimento da Constituição e da Lei, da segurança, da proteção e apoio a todos os nossos cidadãos e a quem nos visita e do importante equilíbrio entre as legítimas formas de reivindicação e a prestação de serviço público à comunidade, repudiando qualquer conduta que ponha em causa o cumprimento da missão de segurança pública", frisou.

Diretor nacional da PSP alerta para o risco de os polícias perderam "a confiança, apoio e respeito" dos cidadãos

Na mensagem, a que a Lusa teve acesso, o diretor nacional da PSP alertou ainda para o risco de os polícias perderem "a confiança, apoio e respeito" dos cidadãos.

Além da concentração diante da Assembleia da República desde segunda-feira, que entretanto se alastrou a outras cidades do país, o protesto foi também concretizado com a paragem de vários carros de patrulha da PSP, principalmente no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), alegando os polícias que estavam inoperacionais e com várias avarias. 

Após a paragem de vários carros patrulha, fonte oficial da direção nacional da PSP disse à Lusa, na quarta-feira, que o Comando Metropolitano de Lisboa foi reforçado com carros de patrulha dos comandos de Leiria e Santarém para "mitigar alguns problemas".

Segundo a Polícia de Segurança Pública, este reforço permite "mitigar o problema", mas não foram repostos todos os carros dados como inoperacionais pelos polícias.

A PSP indicou também que os comandos de Lisboa e Setúbal foram os únicos afetados pela paragem dos carros e garantiu que "foi dada resposta a todas as ocorrências".

A fonte da direção nacional da PSP disse ainda que foi acelerada também a reparação de alguns carros.

Os protestos dos elementos das forças de segurança estão a ser organizados através das redes sociais, como Facebook e Telegram, e desconhece-se quando vão terminar. 

Pedro Nuno promete "novo impulso" à valorização salarial das forças de segurança

Ainda na quarta-feira, o secretário-geral do PS prometeu dar um "novo impulso" à valorização salarial das forças de segurança, na sequência do que já foi feito pelo atual Governo, sem se comprometer com "nenhuma solução em particular". 

Após ter sido recebido pelo Presidente da República, Pedro Nuno Santos falou sobre o protesto dos agentes da PSP. "O respeito que nós temos para com as forças de segurança é total. A nossa sociedade funciona com o trabalho destes homens e destas mulheres, e o trabalho destes homens e destas mulheres deve não só ser respeitado como valorizado".

Depois, o secretário-geral do PS referiu que "ao longo dos últimos anos o Governo tem procurado valorizar as carreiras e mesmo do ponto de vista salarial de quem se dedica à PSP ou à GNR" e que "há um compromisso do atual Governo de uma subida dos salários em média de 20% até 2026".

"Esse trabalho deve continuar, e ao qual nós queremos dar um novo impulso", afirmou, argumentando que é preciso que "as forças de segurança, tanto da PSP como da GNR, estejam motivadas, se sintam respeitadas e valorizadas", porque assim "o seu trabalho será muito melhor".

Interrogado se a solução passa pela atribuição de um suplemento equivalente ao da PJ, o secretário-geral do PS respondeu: "As realidades são diferentes. Eu não quero estar aqui a fechar nenhuma solução em particular, porque as realidades das forças de segurança são diferentes".

"Mas este princípio de valorização da carreira, valorização salarial é fundamental e nós queremos trabalhar com as organizações que representam estes profissionais, para nós podermos ter forças de segurança motivadas, que se sintam respeitadas, que se sintam valorizadas", acrescentou.

Pedro Nuno Santos manifestou-se certo de que, "mesmo numa situação de alguma tensão, as forças de segurança nunca falharão ao povo português".

"Nós também não podemos obviamente falhar às forças de segurança. E esse é o trabalho que nós queremos, não só continuar, mas dar-lhe um novo impulso a partir de 10 de março", reiterou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt