Antigo funcionário da Boeing encontrado morto. Tinha criticado segurança dos aviões
Giuseppe CACACE / AFP

Antigo funcionário da Boeing encontrado morto. Tinha criticado segurança dos aviões

John Barnett trabalhou na empresa durante 32 anos e ficou conhecido por denunciar várias questões relacionadas com a segurança dos aviões da empresa.
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Um antigo funcionário da Boeing, empresa norte-americana do setor da aviação, foi encontrado morto nos Estados Unidos.

Conhecido por ter levantado preocupações sobre os padrões de produção da empresa, John Barnett trabalhou para a Boeing durante 32 anos. Reformou-se em 2017 por motivos de saúde.

Citado pela BBC, o médico legista do condado de Charleston, na Carolina do Sul, confirmou a morte do denunciante, que disse ter acontecido a 9 de março. O médico disse que a polícia estava a investigar, e que Barnett terá morrido de um ferimento "auto-infligido".

Segundo a estação britânica, John Barnett prestou um depoimento em tribunal, contra a empresa, dias antes da morte.

Depois de trabalhar como gestor de qualidade na produção dos Boeing 787 Dreamliner, um avião utilizado sobretudo para rotas de longo curso, John Barnett disse, em 2019, que os funcionários da empresa sofriam pressões para instalar peças abaixo do padrão, durante a produção.

Barnett disse também ter descoberto problemas "graves" com os sistemas de oxigénio. Isto podia significar que, em caso de emergência, uma em cada quatro máscaras de oxigénio podia não funcionar.

Também à BBC, o denunciante afirmou que os trabalhadores da Boeing não tinham seguido os procedimentos destinados a controlar os componentes na fábrica, o que terá permitido o desaparecimento de componentes defeituosos. Nalguns casos, disse, as peças terão sido tiradas de caixotes do lixo e montadas em aviões que estavam a ser produzidos. O objetivo seria evitar atrasos nas entregas.

As queixas de John Barnett foram sucessivamente ignoradas e o funcionário foi transferido para outra parte da fábrica. Apresentou depois uma queixa ao regulador norte-americano da aviação (FAA).

Nos últimos meses, a Boeing tem-se visto debaixo de grande escrutínio, após uma série de falhas de segurança. O mais recente problema aconteceu no início do ano, com um 737 Max-9, da Alaska Airlines, que perdeu uma porta devido a parafusos soltos na fuselagem, o que levou a FAA a suspender todos os aviões deste modelo até que fossem feitas verificações de segurança.

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