Sociedade
27 novembro 2021 às 18h37

Pretória refuta que nova variante na UE tenha origem na África do Sul

Governo sul-africano afirma que o genoma estirpe apenas foi detetado e revelado pelos seus laboratórios, o que não significa que provenha do seu país.

DN/Lusa

O Governo sul-africano refutou este sábado as alegações de que a nova variante do coronavírus que provoca a covid-19, detetada em Estados membros da União Europeia (UE), seja oriunda da África do Sul.

"Também observamos que foram detetadas novas variantes noutros países. Cada um desses casos não teve ligações recentes com a África Austral", referiu a ministra das Relações Internacionais e Cooperação Naledi Pandor, em comunicado que a Lusa teve acesso.

"É importante notar que a reação para com esses países é totalmente diferente da reação para com os casos na África Austral", adiantou.

A chefe da diplomacia sul-africana considerou também que a "avalanche" de suspensões nas ligações internacionais impostas contra o país nas últimas 24 horas, nomeadamente pelos 27 Estados-membros da UE, serviu de "castigo" a Pretória por divulgar e partilhar publicamente a recente descoberta científica sobre a Omicron, a nova variante do vírus que provoca a covid-19, também detetada na África do Sul.

"É o equivalente a castigar a África do Sul pelo seu sequenciamento genómico avançado e a capacidade de detetar novas variantes muito mais rapidamente", salientou Naledi Pandor.

"A ciência de excelência deve ser aplaudida e não castigada. A comunidade global precisa de colaboração e parcerias na gestão da pandemia da covid-19", sustentou a ministra.

Naledi Pandor vincou que a África do Sul "segue e aplica protocolos de saúde covid-19 para viagens internacionais que são mundialmente reconhecidos".

"Nenhuma pessoa infetada é autorizada a sair do país", frisou.

Sobre as novas medidas anunciadas, Naledi Pandor referiu que "a OMS sublinhou a importância de se aguardar primeiro pelos resultados da investigação científica".

Contactado pela Lusa, um porta-voz ministerial destacou a Bélgica e a Alemanha entre os países europeus que não partilharam atempadamente também com a comunidade internacional e a OMS os seus dados científicos sobre as novas variantes da covid-19 identificadas nos seus territórios.

"Respeitamos o direito de todos os países tomarem as medidas de precaução necessárias para protegerem os seus cidadãos, mas é necessário lembrar que esta pandemia requer colaboração e partilha de experiências", salientou Naledi Pandor.

"A nossa preocupação imediata é o impacto que essas restrições estão a causar às famílias, e às indústrias do turismo e viagens, e aos negócios", frisou a ministra sul-africana.

Com mais de 19,3 milhões de testes realizados e cerca de 60 milhões de habitantes, a África do Sul contabiliza até à data 2.955.328 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 que causa a covid-19, segundo as autoridades da Saúde.

Nas últimas 24 horas, as autoridades anunciaram 12 mortes relacionados com a doença respiratória e 2.828 novos casos de infeção de covid-19.

No sexta-feira, foram hospitalizadas mais 60 pessoas, elevando para 2.211 o número total de internados com covid-19 em hospitais públicos e privados, segundo o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD),