Administrador da REN espera que o país todo acorde com energia restabelecida já esta terça-feira
A REN espera que, ao amanhecer, todo o país esteja com a energia elétrica restabelecida. A declaração é do administrador João Faria Conceição, que concedeu declarações aos jornalistas no fim da tarde. "Tudo do que depender da REN, Portugal vai acordar amanha com eletricidade, mas não é só a REN que conta. É todo um sistema e nós estamos a tentar agir da forma mais cuidadosa que nós sabemos para garantir que não damos passo em falso", disse Conceição.
A previsão mais concreta é que o Grande Porto esteja com a rede normalizada daqui a duas horas, ou seja, 20h30. Já em Lisboa "vai demorar um bocado mais", nomeadamente até meia-noite. O administrador não referiu outras zonas do país. Neste momento, a energia já está normalizada para 300 mil consumidores - num universo de 2 milhões de consumidores, avançou João Faria Conceição.
A maior parte dos clientes que já possuem luz em casa é da zona do Grande Porto. O administrador da REN explicou que existem "menos centrais na proximidade de Lisboa e, portanto, nós temos que ir fazendo este jogo de arranque de centrais colocando algum consumo, de forma a podermos chegar de uma forma mais robusta e sustentada à zona de Grande Lisboa e evitar que Lisboa não provoque nova baixa".
O arranque da rede está a ser feito através da central a gás natural de Tapada do Outeiro, localizada em Gondomar e Castelo de Bode, central hidroelétrica de Tomar. As únicas do sistema eletroprodutor nacional que garantem o sistema "blackstart", ou seja, o arranque autónomo, da tensão da rede, de modo a recuperar falhas no sistema elétrico.
Ainda de acordo com João Faria Conceição, a prioridade será sempre os serviços essenciais, como hospitais e forças de segurança. "Não estou a dizer que os outros consumos não são importantes, obviamente que são importantes, mas, primeiro, se tivermos que fazer aqui uma hierarquia, são os consumos prioritários", destacou.
As causas
João Faria Conceição evitou comentar sobre as causas do apagão. Segundo o administrador, a prioridade é restabelecer a rede de energia no país. Já as causas serão apuradas "num segundo momento", sem antecipar quando. "Eu acho que vai demorar algum tempo, porque nós não vamos querer fazer avaliações e tirar conclusões precipitadas, precisamente para não gerar aqui falsas expetativas e falsas ideias", alertou.
O administrador alertou que muitas versões do ocorrido estão a circular, mas sem certezas. "Nós já ouvimos de tudo, já ouvimos hoje que isto foi um ataque cibernético, não temos qualquer informação de qualquer ataque cibernético, já ouvimos também acidentes, inclusive já li uma informação que teria sido um avião que teria caído, não temos qualquer informação de nenhum avião que tenha caído, pode ser simplesmente o facto de termos aqui tido uma oscilação muito grande em termos de tensões, em primeiro lugar no sistema espanhol, que se propagou para o sistema português, porque os sistemas estão interligados", argumentou.
De acordo com Conceição, as equipas estão em contacto permanente com Espanha. Sem que haja a recuperação do sistema elétrico espanhol, não será possível a interligação com Espanha, o que vai provocar demoras no restabelecimento no sistema elétrico nacional.
O apagão começou precisamente às 11h33, causando muitos constrangimentos em todo o país e Espanha. O DN sabe que ainda vai haver uma comunicação ou declaração do Governo ainda esta noite.
amanda.lima@dn.pt