São verdadeiras obras de arte. Sobremesas delicadas, coloridas, com alma e aromatizadas com óleos essenciais, as imagens de marca do trabalho de Juliana Penteado, que agora se dá a conhecer ao país no Masterchef. Com duas lojas em Lisboa, esta brasileira de 34 anos escolheu instalar-se em Portugal há sete e integra agora o lote de jurados do programa da RTP1, ao lado dos chefs Rui Paula e Pedro Pena Bastos, que, juntos, acumulam nos seus restaurantes cinco estrelas Michelin. “Duas pessoas brilhantes, de extremo peso cultural”, comenta a chef pasteleira, ainda na expetativa de ver se a presença assídua na televisão lhe vai ampliar o leque de clientes..Juliana no programa Masterchef. FOTO: RTP.Nas suas lojas – uma na Calçada da Estrela, que está em obras de remodelação mas que deve reabrir nos próximos dias, e outra no espaço da Gleba da Avenida António Augusto Aguiar –, as sobremesas mudam semanalmente e as receitas mensalmente tendo sempre por base a sazonalidade e os óleos essenciais como ingredientes principais. “São óleos específicos para uso culinário”, explica Juliana Penteado, contando que trabalha com 34 óleos diferentes, todos biológicos. Sem efeitos terapêuticos, estes óleos permitem aromatizar as sobremesas e dar-lhes um carácter diferente consoante a época ou a ocasião. Por exemplo, para o Dia da Mulher ou o Dia da Mãe, utiliza óleos “que ligam com o feminino”, como a rosa, o gengibre ou a fava de cacau. Para os próximos dias, outonais, promete Tarte de romã com iogurte e lima kaffir, Choux de chocolate com trigo sarraceno e pêra, Sandwich cookies napolitanas, Torre de chocolate, fava tonka e maracujá e Mil folhas de sésamo preto e bergamota. Além dos três clássicos que marcam sempre presença: Tarte de framboesa, verbena e pistácio, Choux praliné de avelã e tangerina e Mil folhas de baunilha..Só de olhar – neste caso, para as imagens – dá vontade de trincar. “Não é só estética não”, garante. Os seus doces, além de lindos, têm “sabor, estrutura, delicadeza, qualidade”, assegura. “Há um cuidado com tudo”, remata. Têm açúcar, esse “grande vilão”? Têm pois. “Não uso substituto, é açúcar mesmo, mas modera-se a quantidade”, diz..Sobremesas que fazem lembrar a sofisticação da pâtisserie francesa e que pouco têm a ver com a tradição da doçaria portuguesa, que Juliana conhece bem. Durante um mês, em julho de 2019, a chef pasteleira fez aquilo a que chamou de Rota Amarela, um circuito, assim intitulado em homenagem ao ovo, para conhecer as tradições portuguesas. “Foi uma viagem em que percorri Portugal de Norte a Sul, visitei mais de 170 aldeias, vilas e cidades, e provei mais de 80 tipos de doces”, lembra, apontando as tortas de Guimarães como um dos seus favoritos. “Gosto dos que têm um toque mais salgado, e este usa banha de porco”, explica. Ao mesmo tempo, ouviu as histórias das gentes locais, conheceu a cultura e a gastronomia, num momento em que se deu um “elo de ligação mais profundo com o país”..Conheceu Portugal em turismo, uns anos antes, longe de imaginar que um dia aqui viria a assentar. Mas já percorreu muitos países até se sentir, como agora, abraçada pela cidade de Lisboa e pela cultura portuguesa. A avó paterna, que “cozinhava muito bem”, deu-lhe o primeiro gostinho pela cozinha, mas foi um curso de culinária para crianças, que começou a frequentar aos 12 anos, que a encaminhou para um futuro profissional ligado à alimentação. Na faculdade estudou nutrição, sabendo de antemão que seria um complemento para algo ligado à gastronomia. “A minha paixão foi sempre o ato de cozinhar”, conta..Depois, durante dois anos, trabalhou no Grupo Fasano, desde o estágio na área da nutrição até ao cargo de chef de cozinha executiva que detinha quando de lá saiu para ir estudar para a escola de culinária Le Cordon Bleu, em Londres. Seguiu-se Paris, em 2018, no restaurante de um hotel, já na área da pastelaria. Foram apenas três meses, porque ainda nesse ano veio para Lisboa trabalhar com Ljubomir Stanisic como chef de pastelaria do 100 Maneiras. “Foi uma grande escola mas sentia que estar no setor da restauração não fazia parte de mim”, conta, lembrando que depois fez um ano sabático durante o qual percorreu a tal Rota Amarela e vários cursos no estrangeiro, nomeadamente de food styling e food photography, conhecimento que aplicou, em pleno confinamento imposto pela covid-19, quando lançou a sua marca, então chamada Barü, em que era ela quem fotografava as suas sobremesas..A loja física, já com o nome Barü.Ba abriu em 2021, na calçada da Estrela. A mesma que, agora já em nome próprio, está em remodelação para abrir-se a velhos e novos clientes que possam surgir com o Masterchef. “Foi uma experiência incrível, uma das melhores da minha vida”, confessa.