16 mil agentes de segurança e até mais 780 mil lugares nos transportes públicos para 1 milhão de peregrinos

Estão previstas quatro áreas de exclusão aérea, mas sem afetar os voos comerciais em Lisboa. Segurança do Papa vai contar com elementos da PSP e do INEM, que já conheceu.
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Depois de muitas críticas à demora na sua apresentação, foram esta sexta-feira conhecidos os planos de mobilidade e de segurança para a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza em Lisboa entre 1 e 6 de agosto e para a qual são esperados cerca de um milhão de peregrinos. Para garantir que tudo vai correr sem sobressaltos está previsto o destacamento de 16 mil elementos de forças de segurança, proteção civil e emergência médica e a criação de mais 354 mil lugares por dia útil nos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa e mais 780 mil lugares nos dias do fim de semana. Mas José Sá Fernandes, coordenador do Grupo de Projeto da JMJ, deixou um aviso sobre os documentos agora divulgados - "estes planos são dinâmicos" - e uma garantia em relação ao resultado final, nomeadamente quanto à mobilidade: "A responsabilidade de tudo o que correr mal na JMJ nesta matéria é minha. Vai haver constrangimentos, vai haver dificuldades, mas, se ficarmos satisfeitos, o bem é de todos. Se correr mal, a culpa é minha."

Para a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, estes dois planos elaborados ao longo de 400 dias são de verdadeira dimensão nacional, pois vai haver peregrinos por todo o país, tanto na semana antes como na semana seguinte ao evento. Quanto ao sucesso da JMJ, a governante lembrou que o país já foi palco da Expo"98 e do Euro2004, sublinhando que Portugal estará "à altura de garantir as condições" para tornar também a Jornada Mundial da Juventude possível.

No que diz respeito ao plano de segurança, fruto de 187 reuniões de planeamento e envolvendo 33 entidades, está previsto o destacamento de 16 mil agentes das forças de segurança, proteção civil e emergência médica, com o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Paulo Vizeu Pinheiro, a alertar que este número poderá ser inferior ou menor, conforme as necessidades. Está também prevista a definição de quatro zonas de exclusão aérea em Lisboa e Fátima e constrangimentos em 23 aeródromos que, porém, não afetarão os voos comerciais no aeroporto Humberto Delgado e Cascais, que terão de cumprir as regras determinadas pelas autoridades.

Quanto às fronteiras, uma resolução do Conselho de Ministros e publicada esta sexta-feira em Diário da República determina a reposição dos controlos nas fronteiras entre 22 de julho e 7 de agosto. Haverá 21 pontos de passagem autorizados e este controlo será feito de forma seletiva com base em indicadores de risco e informações, conforme consta a apresentação do plano de segurança. Vizeu Pinheiro adiantou que as forças de segurança nacionais contarão com a colaboração das Forças Armadas, das polícias espanholas, da Europol e Interpol.

Outra das preocupações de segurança é o controlo dos acessos e a gestão de lotação nos recintos. Aqui contarão com o apoio das autarquias, mas também das operadoras de telecomunicações, que ajudarão a fazer um cálculo de quantas pessoas se encontram em determinado recinto. Para que não haja falhas em termos de comunicações, tanto das forças de segurança e emergência como dos peregrinos, haverá um aumento da capacidade de resposta e resiliência dos circuitos de comunicação de emergência, como o SIRESP, e a atribuição de 500 números de telemóvel prioritários para controlo e comando. Está também previsto um reforço das redes gerais de telecomunicações, nomeadamente de seis estações na zona de Lisboa.

Importante também é a segurança do Papa Francisco, tendo o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna afirmado que a PSP tem trabalhado em estreita colaboração com a gendarmeria do Vaticano. Paulo Vizeu Pinheiro adiantou ainda que a segurança do Santo Padre será garantida, além da sua segurança pessoal, por elementos do Corpo de Segurança Pessoal da PSP e que estes agentes, bem como os elementos do INEM que acompanharão Francisco, estiveram com o Papa na Páscoa.

Todo o esquema de segurança da Jornada Mundial da Juventude será supervisionado por um Centro de Coordenação e Controlo, que terá acesso a imagens e informações em tempo real.

O secretário-geral do Sistema de Segurança Interna revelou que, neste momento, o nível de alerta do país é intermédio, garantindo que "não me tira o sono à noite, é um nível de alerta que responde aquilo que é a avaliação das ameaças e dos riscos. Diria que estamos aqui num nível intermédio, não é o nível de alerta oficial, mas eu diria que é intermédio". Mas fez notar que, "como tudo na vida, o plano é dinâmico. Se me pergunta "até agora, está muito preocupado, há imenso sinais e indícios", eu diria "não", mas é dinâmico".

Em termos de mobilidade e transportes foi esta sexta-feira anunciado que os transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa vão disponibilizar na Jornada Mundial da Juventude mais 354 000 lugares em cada dia útil e mais 780 000 lugares nos dias do fim de semana. Ou seja, entre os dias 1 e 4 de agosto serão disponibilizados por dia mais 354 000 lugares - 119 000 no modo rodoviário, 90 000 em comboios, 143 000 em metro e metro de superfície e 2000 em barcos.

Quanto aos dias 5 e 6, está prevista a disponibilização diária de mais 780 000 lugares - 429 000 de modo rodoviário, 170 000 em comboios, 154 000 em metro/metro de superfície e 27 000 em barcos. Um reforço que foi acordado com CP - Comboios de Portugal, Metropolitano de Lisboa, Carris, Carris Metropolitana, Fertagus, Metro Transportes do Sul e Transtejo/Soflusa.

Isto traduzido em viagens representa 1623 viagens diárias nos dias úteis e mais 5260 em cada um dos dias do fim de semana, estando a fatia de leão a cargo da Carris e da Carris Metropolitana - mais 1250 viagens por dia nos dias úteis e 4700 em cada um dos dias do fim de semana.

Foi também anunciado que as estações do Metropolitano de Lisboa da Avenida, Marquês de Pombal, Parque e Restauradores vão estar encerradas a 1, 3 e 4 de agosto, dias em que os eventos da Jornada Mundial da Juventude estarão concentrados no Parque Eduardo VII. Também as estações de comboios da CP de Moscavide, Sacavém, Bobadela e Santa Iria vão encerrar, mas nos dias 5 e 6, fim de semana em que a JMJ se muda para o Parque Tejo.

Todos os interfaces da Carris Metropolitana funcionarão normalmente, com exceção do terminal do Marquês de Pombal, que durante toda a duração da Jornada Mundial da Juventude será relocalizado para a Praça de Espanha, afetando doze carreiras.

Sobre a oferta da Carris, é referido que serão suprimidas ou terão alteração de percurso as linhas que servem as zonas delimitadas pelos perímetros de segurança e as que circulam em arruamentos muito estreitos, com elevado risco de segurança, "devido ao maior fluxo de pessoas nas ruas da cidade". "Estas supressões libertarão meios que serão muito necessários no reforço de outros serviços mais procurados e que serão realizados com reforços de oferta, com aumento do número de circulações", conforme é explicado na apresentação do plano de mobilidade. Por razões de segurança na circulação viária, os elevadores da Bica, Glória e Lavra vão estar encerrados nos dias 1, 3, 4, 5 e 6 de agosto. Já o elevador de Santa Justa manter-se-á em funcionamento.

O plano de mobilidade para a Jornada Mundial da Juventude tem dois locais definidos para estacionamento de cerca de dois mil autocarros na zona de Lisboa. "Estão em obra dois grandes locais com quase dois mil lugares. Há um conjunto de outros locais onde será possível chegar até seis mil lugares de estacionamento. E, fora de Lisboa, podemos chegar até aos sete mil", explicou Isabel Pimenta, da VTM, a empresa responsável pela elaboração do documento.

Esta responsável sublinhou que se estão a trabalhar com estimativas, dizendo que "cerca de quatro mil autocarros poderão chegar à cidade com peregrinos" e que há que "manter os eixos estruturantes da cidade libertos para o tráfego rodoviário". Paralelamente, pretende-se "permitir que os autocarros possam estacionar perto dos eixos principais" de forma a que os peregrinos se possam "deslocar a pé".

A organização da JMJ encontrou dois terrenos, um na Alta de Lisboa (840 lugares) e outro no Campo da Graça (1000 lugares), na zona ribeirinha de Loures, que estão em obras para receberem cerca de dois mil autocarros. Está identificado um outro local em Algés e eixos viários na zona oriental da cidade com capacidade para 1950 autocarros.

Na próxima semana será lançado um formulário online para as empresas de transporte interessadas em transportar peregrinos se inscreverem. Cada autocarro inscrito terá lugar num parque e receberá informação do local para onde se deve dirigir e receberá uma identificação para colocar no vidro. O objetivo é "reduzir substancialmente a circulação de autocarros na cidade".

Quanto ao estacionamento de ligeiros, a organização estima que 20% dos peregrinos se desloque de automóvel - poderão chegar a 60 mil veículos ligeiros. Afirmando que Lisboa tem uma boa oferta de estacionamento na via pública (200 mil lugares) e em parques de estacionamento (85 parques com 32 mil lugares), Isabel Pimenta disse que foram identificados outros locais onde os peregrinos podem estacionar: Jamor (3000 lugares), Loures (2000) e Parque das Nações (400).

O documento relativo à mobilidade refere ainda que "os elevados fluxos pedonais esperados, bem como a necessidade de acomodar o estacionamento de autocarros de aluguer de peregrinos", vão obrigar à reorganização da cidade. Nesse sentido, foram identificados locais onde poderão existir condicionamentos à circulação rodoviária em função da pressão pedonal, sobretudo no eixo entre o Terreiro do Paço e o Parque Eduardo VII.

À semelhança do plano apresentado na terça-feira pela Câmara de Lisboa, está igualmente delimitada uma zona mais alargada, que também terá alguns condicionamentos, mas menos rigorosos. O diretor nacional da PSP, Magina da Silva, explicou que na zona "vermelha", a mais rigorosa, além de automóveis, também não serão permitidas trotinetas e bicicletas.

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