O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta segunda-feira que o antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi irá participar novamente numa reunião do Conselho de Estado, em janeiro, para falar do seu relatório sobre competitividade europeia..O chefe de Estado fez este anúncio no encerramento de uma conferência que assinalou o terceiro aniversário da CNN Portugal, num hotel de Lisboa, em que dirigiu "uma palavra especial" ao ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE).."Uma palavra especial para alguém que está a chegar, o Presidente Mário Draghi, que virá, aliás, convidado em janeiro, uma vez mais, ao Conselho de Estado, para falar do seu relatório e da sua visão da Europa e do mundo", disse Marcelo Rebelo de Sousa. .Neste discurso, o Presidente da República retomou a ideia, que tem repetido ultimamente, de que se vive o "fim de um ciclo histórico" e o "fim de uma era de lideranças e de memórias", com mudanças na ordem internacional e na balança de poderes, e insistiu na necessidade de reforma dos sistemas políticos, referindo-se em particular ao contexto europeu.."A Europa tem de reformar os seus sistemas políticos, económicos, sociais, nacionais obsoletos ou de moroso ajustamento. Com os que tem e que criaram condições objetivas para os chamados populismo, negacionismo e desinformação, não há relatório Draghi que possa ter o sucesso que merece", considerou. .Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que nesta altura "é a política que deve assumir a prioridade relativamente à gestão económica interna e externa no tocante a ganhos e perdas, mesmo quando utiliza a economia, dando-lhe asas ou impedindo o voo, primeiro, nas novas lideranças, depois, na nova balança de poderes, no final, na nova ordem internacional". .Mario Draghi, economista, presidiu ao BCE entre 2011 e 2019. Quando exercia essas funções, foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa a participar numa reunião do Conselho de Estado, realizada em abril de 2016, para falar sobre a situação económica e financeira da Europa..Em junho de 2019, o Presidente da República condecorou-o com o grande-colar da Ordem do Infante D. Henrique..Na conferência de hoje da CNN Portugal, o chefe de Estado afirmou que estão a emergir "novas lideranças sem memória" histórica, "uma geração completamente diferente daquela que acabou de ceder a liderança e desaparecer no palco, por exemplo, da Europa, ou está a desaparecer", sem nomear ninguém.."Não têm a memória da implosão da União Soviética. Não têm a memória da reunificação alemã. Não têm a memória, mais perto de nós, do fim do franquismo. Não têm a memória, entre nós, do pré-25 de Abril, do 25 de Abril, da revolução e do imediato pós-revolução", apontou. .Marcelo Rebelo de Sousa apelou a que quem acredita na liberdade, na democracia e no Estado de direito democrático se empenhe "fortalecer os sistemas nacionais, reformando-os", e a "manter firmes relações como a transatlântica", não dando a batalha contra as chamadas "democracias iliberais" como perdida: "Só vencerão se nós fracassarmos".