Marisa responde a Belém: "Todos temos direito a salário digno, escusamos é de ter privilégios"
Candidata disponível para comparar folhas salariais. Lembra que sempre exerceu funções em exclusividade e que nunca recebeu vencimento em Bruxelas na totalidade
Marisa Matias não desarma e recusa aceitar as justificações de Maria de Belém acerca do recurso de um conjunto de 30 deputados (onde a ex-presidente do PS se incluía) ao Tribunal Constitucional (TC) sobre as subvenções vitalícias para deputados. No penúltimo dia de campanha para as presidenciais, a bloquista respondeu à ex-ministra da Saúde dizendo que não está em causa um direito, mas, ao invés, "um privilégio".
"Todos os deputados têm direito a um salário. O que eu critiquei não foi um direito, foi um privilégio, que os outros portugueses não têm. Em relação a essa matéria, a doutora Maria de Belém está a desconversar. Eu não desconverso porque estou muito à vontade nesta matéria. Tenho apresentado todos os anos alterações e propostas de alteração não só para a redução de salários como para a redução de privilégios como para a redução das despesas, por exemplo, de funcionamento dos gabinetes dos deputados", começou por afirmar Marisa, à margem de uma visita ao mercado da Torre da Marinha, no Seixal, após as declarações desta manhã da antiga ministra da Saúde no Fórum TSF.
Mas prosseguiu num tom sereno mas duro: "A doutora Maria de Belém disse que não queria abdicar de nenhum direito para poder defender os direitos dos outros. Ora bem, esta afirmação tem dois problemas: em primeiro lugar, é que não é de um direito que estamos a falar mas de um privilégio absolutamente inaceitável; e, em segundo lugar, se assim fosse, porque é que não requereu a fiscalização quando houve cortes de salários e de pensões dos outros em 2012?"
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E se Belém lançou o repto à eurodeputada para que comparassem os recibos de vencimento, Marisa respondeu positivamente e, embalada, não conteve a farpa. "Estou perfeitamente à vontade para comparar a folha de salários, até porque sempre exerci as minhas funções em regime de exclusividade, e isso toda a gente poderá ver", observou a candidata a Belém apoiada pelo BE, lembrando que nunca ficou com "o salário total de eurodeputada".
"Sempre abdiquei de uma parte muito substancial porque não acredito que nós possamos enriquecer à conta do exercício de cargos públicos. Todos temos direito a salário digno, escusamos é de ter privilégios que os outros não têm e, como disse aqui, é 'olha para o que eu digo', que é o que a doutora Maria de Belém está a tentar dizer, e o que eu digo é 'olha para o que eu faço'", reforçou a candidata, renovando os remoques à adversária.
Na TSF, Maria de Belém acusou os demais candidatos de recorrerem a "demagogia" e "populismo" para beliscarem a sua candidatura, mas Marisa não comprou essa tese. "Foi a doutora Maria de Belém que assinou o pedido ao TC. Se é populismo ler o nome e vê-lo na lista e ver os outros nomes, eu não sei quais são os limites", rematou.