Santana era o desejado. PSD ataca problemas dos socialistas com as contas

Teresa Leal Coelho apresenta candidatura a Lisboa, reconhece que não foi a primeira escolha e acusa executivo camarário de se endividar
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Teresa Leal Coelho acusou esta quarta-feira o atual executivo camarário socialista de Lisboa de estar a caminho de endividar a autarquia, numa "deriva" que "depois será suportada pelos contribuintes". É "uma matriz" que "é idêntica no Governo e no executivo camarário" e que, no caso do município, só foi travado pelo Tribunal de Contas. "Temos de estancar essa deriva", defendeu.

A social-democrata é a "senhora Lisboa" e foi por ela que se juntaram ao final da tarde no anfiteatro ao ar livre da Fundação Champalimaud, com o rio Tejo de fundo, algumas centenas de pessoas para a apresentação da sua candidatura à presidência da Câmara de Lisboa. Mas, logo a abrir o seu discurso, a candidata do PSD anunciou que ia "cometer" ali "uma inconfidência": "O PSD desejou em primeiro lugar que o candidato fosse Pedro Santana Lopes", o antigo presidente da autarquia, presente na primeira fila - e a candidata começou por trocar o nome dizendo que o candidato desejado era o próprio líder, Pedro Passos Coelho ("Fico nervosa com a presença dos Pedros", disse entre risos, para acrescentar, com ironia: "E há muita gente que se enerva com a presença dos Pedros.")

Sem inconfidência alguma, Teresa Leal Coelho sublinhou com insistência a questão financeira, para notar a tal "matriz" que disse ser própria dos socialistas. Quando prometeu estabelecer "como prioridade" para o seu mandato a "ação social", com a "criação de creches, ATL, centros de dia" e o investimento "em centros de saúde e em equipamentos que permitam às pessoas uma vida de proximidade", logo acrescentou: "Sem endividamento que venha a onerar os nossos filhos, os nossos netos, as gerações futuras."

Apesar de ser segunda escolha, como confidenciou Teresa Leal Coelho, o presidente do PSD, Passos Coelho, deixou-lhe elogios: "É genuína", como mostra, por vezes, "a forma rápida e impetuosa como reage às coisas", e "bem preparada", com uma "visão alargada do mundo". E, acrescentou, "não aterrou hoje em Lisboa, mas está para ficar hoje de corpo inteiro para governar Lisboa". Esta mesma sugestão tinha sido deixada antes por José Eduardo Martins (o candidato social-democrata à presidência da Assembleia Municipal e redator do programa da candidatura) ao notar que há "uns que estão de passagem", "a construir uma carreira" para irem para outros voos.

Para José Eduardo Martins, que dispensou algumas das críticas mais duras ao atual executivo camarário, a cidade tem sido "gerida no mais selvagem liberalismo", defendendo que os lisboetas estão a ser expulsos dos bairros. "Não há espaço público sem ordenação pública", atirou, antes de acusar "os senhores que tem deixado isto ao deus-dará". Teresa Leal Coelho notou que, qualquer dia, "as marchas de Alfama ou da Mouraria terão de treinar na Trafaria".

Morador em Massamá, no concelho vizinho de Sintra, Pedro Passos Coelho fez-se eco das "pessoas que não são de Lisboa, não vivem em Lisboa" mas fazem a sua vida na cidade, notando que "não têm representação adequada no município". E apontou para a candidata social-democrata para deixar o voto que "a Teresa" "se preocupe" com as "necessidades dos lisboetas e não apenas com as necessidades da capital do país".

"Estamos aqui por causa da Teresa e de Lisboa", avisou Pedro Passos Coelho, no início do seu discurso, mas não resistiu a fazer do seu discurso palco de comentário sobre o fundo de resolução do Novo Banco, criticando o custo antecipado que será de mais de 600 milhões de euros. "É tão fácil pagar o cheque, é o contribuinte que paga", atirou o presidente do PSD.

Uma tuna animou antes, durante e depois a apresentação da candidatura. E numa das canções, A Estrada do Monte, dos Madredeus, ouviram-se os versos "Siga essa estrada/ Não custa nada." Teresa Leal Coelho admitiu que a tarefa é difícil. A seu lado terá 24 candidatos a presidentes das juntas de freguesia - só quatro são mulheres.

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