Adriano Moreira e José Ribeiro e Castro, ex-líderes do CDS com posições diferentes em relação a Paulo Portas, consideram que o atual presidente deixa o cargo num momento conturbado para o partido.."O futuro do CDS é muito problemático", em que qualquer resposta "exige um estudo muito apurado da sua circunstância", afirmou Adriano Moreira ao DN, enquanto Ribeiro e Castro referiu tratar-se de "um momento crítico, difícil, para o partido"..Para este opositor de Paulo Portas, o partido "mostrou ser melhor na oposição do que a governar", tanto entre 2002 e 2005 como entre 2011 e 2015. "Quando voltou a votos perdeu e isso significa que o CDS no governo foi melhor para os seguidores do que para os eleitores", lamentou o ex-deputado José Ribeiro e Castro, lembrando que 2005 permitiu "a maior maioria de esquerda de sempre" e 2015 originou "um governo formado por todas as esquerdas no Parlamento, que nunca tinha acontecido".."Paulo Portas sai do partido numa posição difícil", continuou Ribeiro e Castro, "por ter deixado crescer demasiado a ideia, na opinião pública, de uma fusão ou uma federação com o PSD". Acresce que, no plano eleitoral e apesar de ter eleito 18 deputados nestas legislativas em que concorreu coligado com os sociais-democratas, o quadro também é pouco favorável..[artigo:4956143].Nas legislativas de 2011, "o partido sozinho teve resultados muito negativos e preocupantes". Nos Açores "baixámos para um terço" (de 12% para 3,9%) dos resultados de há quatro anos e, na Madeira, "perdeu metade do seu eleitorado" em 2015. "Perdemos o deputado regional e passámos para quinto partido, baixando dos 13,7% para 6%", prosseguiu Ribeiro e Castro..O mesmo ao nível autárquico e para o Parlamento Europeu, salientou o antigo eurodeputado, um dos dois líderes do CDS que aceitaram comentar o futuro do partido e fazer um balanço dos 16 anos de liderança de Paulo Portas - onde "creio que só Álvaro Cunhal esteve mais tempo à frente" do PCP, observou Ribeiro e Castro..Adriano Moreira, o outro antigo presidente do CDS que aceitou falar ao DN, fez um balanço positivo dos mandatos de Portas: "Acho que desenvolveu uma ação importante no sentido de, tendo o partido evoluído no sentido de partido popular, o conseguir rearticular com a doutrina social da Igreja que caracterizou as democracias cristãs"..O que se segue?."Esse esforço, nem sempre recompensado ou compreendido, fica no legado que Paulo Portas deixa" ao cessar funções dentro de quatro meses, prosseguiu o futuro conselheiro de Estado eleito pelo Parlamento. Mais, o presidente cessante do CDS "também conseguiu deixar um grupo de jovens que se revelam promissores para conseguirem enfrentar as incertezas da circunstância que estamos a viver", enalteceu Adriano Moreira. Quanto ao futuro político de Portas, Adriano Moreira foi cauteloso: "Não considero definitivo que o futuro não requeira ou exija o seu regresso à política.".Ribeiro e Castro mostrou-se indeciso: "Não sei se Paulo Portas vai voltar, se se vai confirmar a saída. Estamos longe do congresso, faltam quatro meses e isso é muito tempo em política... a palavra não é irrevogável, é imprevisível." Contudo, acrescentou, "é uma personalidade política de referência e é natural que seja procurado para dar opinião, o que não deixará de ter influência". O antigo eurodeputado elogiou o "grande talento e grande dedicação com que Paulo Portas continuou e consolidou o CDS como partido do mundo rural e da agricultura".