A associação ambientalista Quercus considerou hoje "inaceitável a situação recorrente" de poluição no rio Tejo sem que os poluidores sejam penalizados e exigiu que o Governo e a Assembleia da República criem leis mais duras contra os responsáveis.."Uma vez que o Governo e a Assembleia da República têm sido incapazes até agora de tomar medidas políticas e legislativas eficazes para acabar com este flagelo que atinge o rio Tejo há vários anos, a Quercus considera indispensável que estas duas instituições produzam urgentemente um quadro legislativo e normativo que acabe de vez com a impunidade dos poluidores em Portugal", realçou a associação ambientalista, num comunicado..A Quercus realçou que "tem vindo a acompanhar de muito perto a situação degradante do rio Tejo desde há vários anos, recebendo centenas de denúncias, documentando as situações no terreno e alertando as autoridades e o poder político para este grave problema ambiental"..No entanto, salientou, "a situação do rio Tejo tem-se vindo a agravar nos últimos anos", tendo-se verificado nos últimos dias "uma situação de poluição com extrema gravidade no rio Tejo".."Apesar de ainda se aguardar pelos resultados das análises oficiais que foram realizadas pelo Ministério do Ambiente, é muito provável que a origem desta poluição esteja numa das várias fontes de poluição industrial e doméstica que fazem descargas no rio Tejo", considerou a Quercus..Na opinião da Quercus, este grave problema de poluição e atentado aos valores naturais nacionais só poderá ser resolvida com diversas alterações legislativas.."A Quercus tem vindo a alertar a Comissão Parlamentar do Ambiente e o Conselho Nacional da Água para a necessidade de alterações legislativas neste domínio, que facilitem a fiscalização e a instrução dos processos de contraordenação, e para que os prevaricadores venham efetivamente a ser condenados pelas suas más práticas, uma vez que, atualmente, os processos de contraordenação que dão origem a condenações são em número muito reduzido, não criando um efeito dissuasor nos poluidores dos rios", acrescentou a Quercus..Um manto de espuma branca com cerca de meio metro cobriu na quarta-feira o rio Tejo na zona de Abrantes, junto à queda de água do açude insuflável, num cenário descrito como "dantesco" pelo movimento ambientalista proTEJO e como "assustador" pelo município..Na quinta-feira, fonte oficial do Ministério do Ambiente tinha indicado à Lusa que o foco de poluição levou à realização de ações de inspeção extraordinárias em Abrantes e Mação, estando ainda por identificar a origem do problema..A Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, em Vila Velha de Ródão, disse que é "totalmente alheia" aos recentes fenómenos de poluição no rio Tejo e adianta que "cumpre escrupulosamente" a regulamentação ambiental nacional.