Professores: 600 milhões dividiram Costa do resto dos partidos
600 milhões. Isto seria quanto custaria ao Orçamento do Estado consignar as propostas sindicais para contagem do tempo "total" de serviço aos professores, agora que as carreiras começam a ser descongeladas.
O número foi avançado pelo primeiro-ministro, muito apertado à esquerda por causa desta controvérsia - mas a que o PSD e o CDS também se associaram. "O Governo está a ser uma desilusão para os professores", sintetizou a deputada do PEV Heloísa Apolónia, uma das várias vozes a dizer no debate que o Governo está a fazer "chantagem" sobre os docentes.
Já para António Costa o que está em causa é a "intransigência" dos sindicatos em ceder nos números que pôs em cima da mesa. Segundo disse, os sindicatos queriam que fossem contados nove anos, 4 meses e dois dias na atualização das carreiras; já o Governo propôs 2 anos, nove meses e 18 dias. E é esse tempo que mantém na mesa das negociações, conforme garantiu o chefe do Governo à deputada do CDS Assunção Cristas.
António Costa esteve também debaixo de fogo da esquerda por causa do acordo recentemente alcançado na Concertação Social - e que mexe na legislação sobre os contratos a prazo.
Catarina Martins (BE) afirmou a sua "surpresa" com o teor do acordo e Jerónimo de Sousa (PCP) considerou Costa "ingénuo" por considerar que um acordo com o 'sim' dos patrões pode ser favorável aos trabalhadores. O chefe do Governo, pelo seu lado, esforçou-se por passar a mensagem de que "primeira vez em muitos anos" foi alcançado um acordo social "que visa o aumento dos direitos dos trabalhadores" e "isso é algo que devemos valorizar". No princípio do debate, o líder parlamentar do PS, Carlos César, já tinha desvalorizado a rejeição do acordo pela CGTP dizendo que isso é "uma regra" no procedimento da central.
Momento relevante do debate foi também a troca de palavras entre Fernando Negrão (PSD) e Costa sobre a leitura global das provas de aferição do ensino básico. O chefe do Governo fez questão de recordar ao líder parlamentar 'laranja' que os exames são de 2016 - refletindo portanto políticas educativas anteriores (do Governo PSD/CDS).