Polícias sobem pressão: "Estamos fartos"

O silêncio do governo em relação ao noticiado congelamento das carreiras está a deixar os sindicatos de nervos em franja.

Com os médicos e enfermeiros ainda de greves marcadas, o governo deverá enfrentar, já no próximo dia 12, outra frente de conflito: os maiores sindicatos das principais forças e serviços de segurança vão, pela primeira vez na legislatura socialista, juntar-se numa manifestação que promete mobilizar polícias de todo o país.

A gota de água a fazer transbordar o copo já cheio de reivindicações por atender foi a notícia de que estes profissionais iriam manter-se com as carreiras congeladas no Orçamento do Estado para 2018. GNR e PSP são as forças mais prejudicadas, cujas promoções a conta-gotas penalizam milhares de agentes e guardas. "Estamos fartos", dizem os polícias. A manifestação foi convocada pela Comissão Coordenadora Permanente, que integra os sindicatos e associações mais representativos da PSP, GNR, SEF, ASAE, Guarda Prisional e Polícia Marítima. Todas estas estruturas sindicais pediram explicações às respetivas tutelas sobre esse congelamento das carreiras e não obtiveram resposta. "Até o Orçamento do Estado ser apresentado na Assembleia da Republica não há nada a dizer", respondeu o Ministério da Administração Interna quando questionado pelo DN.

A Coordenadora entende que "este silêncio demonstra desrespeito e é indicador de que a intenção do governo de manter o congelamento das carreiras dos profissionais das forças de segurança poderá materializar-se, discriminando-os de uma forma inaceitável em relação aos demais funcionários do Estado".

Em comunicado desta semana, o secretariado nacional, liderado por César Nogueira, que preside igualmente à Associação dos Profissionais da Guarda, considera que as razões do protesto marcado para 12 de outubro "não só se mantêm" como "saem reforçadas, perante a atitude do governo, que quer fazer passar as suas intenções em branco, coibindo-se de tomar posição, de esclarecer, de assumir com transparência que quer diminuir a despesa pública à custa dos profissionais das forças e serviços de segurança". E conclui que os polícias "não aceitam ser reféns de critérios de poupança cega e têm a determinação e a capacidade de mobilização necessárias para fazer deste um grande protesto".

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia, da PSP, salienta que os agentes "estão fartos de esperar por respostas que não chegam, fartos de promessas". Este dirigente sindical nota que "as promoções têm saído a conta-gotas" e que "há atrasos acumulados de anos anteriores que não se resolveram", com casos de agentes "que estão há 15 anos no mesmo posto". "Não há motivação que resista a uma situação destas!", assinala.

A esta questão do congelamento de carreiras junta-se "todo outro conjunto de questões por resolver, desde a diminuição e envelhecimento do efetivo que tem provocado uma sobrecarga enorme no trabalho operacional, à falta de viaturas, à falta de fardamento e muito do investimento nos meios informáticos que foi prometido".

Estas reivindicações são transversais à GNR e por isso César Nogueira prevê "uma grande mobilização".

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