Luís Filipe Vieira e Fernando Tavares, respetivamente o presidente e vice-presidente do Benfica, foram constituídos arguidos na Operação Lex, confirmou ao DN fonte da Procuradoria-Geral da República. "Ao abrigo do disposto no art. 86.º, n.º 13, al. b) do Código de Processo Penal, e na sequência de dúvidas suscitadas por diversos órgãos de comunicação social, confirma-se a constituição como arguidos de Luís Filipe Vieira e de Fernando Tavares", informa a nota da PGR, que acrescenta: "Esclarece-se, igualmente, que o inquérito tem, neste momento, 12 arguidos constituídos, entre os quais 5 detidos que serão, previsivelmente ao fim do dia, presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação"..A Sábado revelou esta quarta-feira que João Rodrigues, ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, é o 12.º arguido da Operação Lex. Segundo a revista, o advogado foi constituído arguido na noite de terça-feira, à chegada de um voo de Luanda..A Operação Lex investiga suspeitas de crimes de tráfico de influência, corrupção/recebimento indevido de vantagem, branqueamento e fraude fiscal, informou a Procuradoria-Geral da República. Esta operação decorre de um processo extraído do caso Rota do Atlântico, que envolve o empresário José Veiga, suspeito de corrupção..Foram realizadas 33 buscas, das quais 20 domiciliárias, nomeadamente ao Sport Lisboa e Benfica, à casa do presidente do clube, Luis Filipe Vieira, às habitações dos dois juízes e três escritórios de advogados. A PGR acrescentou que houve buscas no Tribunal da Relação de Lisboa..A fase de inquirições judicial dos arguidos, para aplicação das medidas de coação, vai decorrer no Supremo Tribunal de Justiça..Conselho Superior de Magistratura aguarda informação oficial.O Conselho Superior da Magistratura (CSM) ainda não tem informação oficial sobre a investigação denominada 'Operação Lex', na qual são arguidos os juízes desembargadores Rui Rangel e Fátima Galante, e afirma que só depois ponderará eventuais medidas..O vice-presidente do CSM adianta que a situação será analisada, logo que seja recebida informação oficial por parte do Supremo Tribunal de Justiça.."O CSM analisará a situação logo que receba informação oficial sobre o assunto. Eventuais medidas, no âmbito das suas competências, serão oportunamente divulgadas", afirmou Mário Belo Morgado..Em outubro de 2016, o CSM, órgão de gestão e disciplina dos juízes, instaurou um inquérito a Rui Rangel, no âmbito do processo "Rota do Atlântico", depois de a Procuradoria Geral da República ter também aberto uma investigação com origem numa certidão do mesmo processo, que envolve o empresário de futebol José Veiga..O que está em causa.Em causa estarão suspeitas que remontam a 2016, quando teve início a operação Rotas do Atlântico, visando o empresário José Veiga por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Na altura, o nome de Rui Rangel - que em 2012 foi candidato a presidente do Benfica - surgiu associado a Veiga. Em outubro de 2016, o Conselho Superior da Magistratura instaurou um inquérito ao juiz que, segundo este Conselho, ainda decorre. Rui Rangel tem tido grande participação mediática, por vezes polémica e que foi alvo de censura pelo MP na Operação Marquês. Foi pedido o seu impedimento para decidir sobre este processo, o que já tinha sido feito sobre um recurso da defesa de José Sócrates a quem deu razão sobre o fim do segredo de justiça interno. O STJ deu razão ao MP e Rangel ficou, desde março, impedido de ser juiz no caso..A ex-mulher Fátima Galante é juíza numa secção cível do mesmo tribunal e em1999 esteve envolvida num processo com contornos semelhantes a este. Chegou a ser suspeita de vender sentenças e o MP quis mesmo acusá-la, mas o Supremo arquivou o processo. O arguido principal do caso era o solicitador Horácio Patuleia, já falecido, que foi a julgamento, com a juíza a ser indicada como testemunha. Em tribunal pediu que fosse ouvida à porta fechada, mas a procuradora do MP Maria José Morgado recusou tal como o coletivo. Este caso começou com uma denúncia de dois advogados..O Benfica confirmou, em comunicado, "a realização de buscas no âmbito de uma investigação que não tem por objeto o clube", disse o advogado João Correia, que classificou como "perseguição" a atuação de "certos setores do Ministério Público". O advogado, ontem, negou que o presidente tivesse sido consituído arguido, mas admitiu que viesse a sê-lo.