"Não é verdade que tenha chamado cata-vento ao doutor Rebelo de Sousa"

Passos diz que "não se referia a ninguém em particular" na moção de estratégia. "Foi o próprio professor Rebelo de Sousa que, na altura, achou que aquilo lhe era dirigido". Passos olha com "apreensão" para primeiros dias do novo Governo
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O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho considerou esta terça-feira, em entrevista ao programa Terça à Noite da Rádio Renascença, que o Governo de António Costa "não está a preservar confiança dos investidores externos".

"Olho para estes primeiros dias com bastante apreensão, não pelo facto de se estar a reverter ou a destruir o que foi feito pelo Governo que chefiei, mas porque me parece, em primeiro lugar, que reverter e destruir é muito pouco para definir um programa de futuro do novo Governo. Se a missão deste Governo é desfazer o que o anterior fez, é uma missão que se esgotará dentro de pouco tempo e que estrutura pouco o futuro", começou por dizer o político, salientando que este governo não está a preservar a confiança de investidores externos.

"É muito importante para futuro preservar a estabilidade do sistema financeiro para crescer. E já agora preservar também a confiança dos investidores externos em Portugal. Este Governo não o está a fazer", disse Passos Coelho, salientando que a devolução da sobretaxa será arriscada.

"Acho arriscado. Disse-o enquanto primeiro-ministro, disse-o na campanha eleitoral, de uma forma totalmente anti-demagógica, e continuo a dizê-lo hoje. Prefiro ser prudente e poupar as pessoas a mais desespero no futuro do que fazer uma política demasiado arriscada apenas com a pressa de mostrar que podemos dar. Nesse capítulo, de um modo geral, os partidos que sustentam este Governo e o próprio Governo querem acelerar este processo apenas para poderem enfatizar que o Governo anterior não tinha tido a necessidade de tomar estas medidas - as coisas funcionarão bem se estas medidas forem removidas, portanto só pode ter sido uma escolha ideológica tê-las colocado em prática. Ora, não é assim: o que este Governo está a remover fá-lo porque deixámos resultados que lhe permitem fazer isso", referiu à Renascença.

Passos Coelho nega ter chamado cata-vento a Marcelo

O líder do PSD negou, em entrevista à Rádio Renascença, ter chamado 'cata-vento' a Marcelo Rebelo de Sousa, recusou fazer da campanha presidencial uma 2.ª volta das legislativas e admitiu que este governo dure uma legislatura.

Quando questionado por recomendar o voto no candidato Marcelo Rebelo de Sousa, a quem teria apelidado de 'cata-vento político', Pedro Passos Coelho desmentiu que tenha feito tal consideração.

"Não é verdade que tenha, rigorosamente, chamado cata-vento ao doutor Rebelo de Sousa", respondeu o ex-primeiro-ministro, acrescentando que "não se referia a ninguém em particular" na moção de estratégia que apresentou ao congresso dos social-democratas. O problema, acrescentou, esteve "em que foi o próprio professor Rebelo de Sousa que, na altura, achou que aquilo lhe era dirigido".

Passos Coelho explicou também que não se envolve diretamente na campanha para Belém porque, se o fizesse, "haveria sempre a tendência para tornar esta eleição presidencial numa espécie de segunda volta das legislativas".

Assegurou ainda que não está incomodado por Marcelo Rebelo de Sousa dizer que fará tudo para que esta legislatura chegue ao fim.

Questionado por ter dito que o novo governo não contasse com o PSD quando o seu voto fosse necessário para salvar este Governo, esclareceu que quis dizer que, "se o PSD que ganhou as eleições não pôde contar com o apoio do PS, que é o segundo partido em Portugal, para poder governar, seria uma perversão democrática que o segundo partido viesse a fazer uma espécie de chantagem democrática sobre quem ganhou as eleições, que passaria a ter a função de apoiar quem perdeu". "Ora, isto não faz sentido nenhum", concluiu.

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