Ministro da Ciência cria grupo para repensar avaliação do setor científico

Grupo produzirá relatório dentro de quatro meses. Nova avaliação da FCT deverá estar concluída no final de 2017
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O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, criou um grupo de reflexão para definir as novas linhas de orientação e princípios da próxima avaliação do sistema científico. A equipa, presidida pela socióloga Karin Wall, deverá apresentar um relatório dentro de quatro meses, após o que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) dará início aos trabalhos preparatórios para pôr em marcha a nova avaliação do sistema científico nacional.

"Esperamos ter concluída a avaliação no final de 2017", adiantou ao DN o ministro da Ciência, que esteve hoje reunido com os coordenadores das unidades de investigação de todo o país, para lhes apresentar a nova estratégia política e o Orçamento de Estado (OE) para o setor.

"Este é um orçamento de mudança, que vem acabar com o ciclo de desinvestimento iniciado em 2011 e que se saldou, até 2014, numa perda de 530 milhões de euros para o setor científico", adianta Manuel Heitor, notando que o OE para 2016 "confere também mais autonomia às instituições universitárias e científicas, com o objetivo de flexibilizar a contratação de novos quadros jovens, e fomentar o emprego científico", explica o ministro.

A proposta de OE prevê uma dotação de 425,7 milhões de euros para a FCT, a agência pública que financia o sector científico, a que serão acrescidos 77 milhões de euros oriundos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), totalizando uma verba de 502,7 milhões de euros a FCT, para este ano.

A reunião com os coordenadores das unidades científicas, para a qual foram convidados também os reitores das universidades e diretores dos politécnicos, teve também por objetivo "restabelecer uma relação de confiança com a comunidade científica e chamá-la à corresponsabilizar-se pela política científica", sublinha o ministro.

A última avaliação ao sector científico encomendada pela FCT à European Science Foundation, em 2013, foi muito criticada pela comunidade científica, por falta de transparência, e tornou-se num ponto de conflito entre cientistas e a FCT, que na altura presidida pelo investigador Miguel Seabra.

A criação do grupo de reflexão sobre a nova avaliação do sistema científico ocorre uma semana depois da tomada de posse da nova direção da FCT, cujo presidente é o investigador Paulo Ferrão. Uma das medidas já tomadas, no âmbito da revisão do sistema de avaliação, foi a extinção do Gabinete de Avaliação da FCT.

Além de Karin Wall, que coordenou no ano passado o painel de avaliação do European Research Council (ERC) para as ciências sociais e humanas, integram igualmente o grupo de reflexão Cláudio Sunkel, que dirige o IBMC, da Universidade do porto, Carlos Bernardo, da Universidade do Minho, Constança Providência, da Universidade de Coimbra, Nuno Ferrand, da Universidade do Porto e Salwa Castelo Branco, da Universidade Nova de Lisboa.

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