Ministério Público investiga morte de mais uma vítima em Pedrógão
A Procuradoria-Geral da República anunciou hoje a abertura de um inquérito relacionado com a morte de uma pessoa no âmbito de um acidente de viação durante o incêndio de Pedrógão Grande, além das 64 vítimas assumidas oficialmente
Num esclarecimento enviado a propósito das notícias dos últimos dias que dão conta de mais vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande, Leiria, além das 64 assumidas oficialmente, a PGR informou que abriu um segundo inquérito.
Segundo uma nota hoje emitida pela Procuradoria-geral da República, foram identificadas 64 vítimas mortais no inquérito que foi instaurado no momento em que foi conhecido o incêndio de Pedrógão Grande.
"Foi ainda instaurado um outro inquérito com vista à investigação das circunstâncias que rodearam a morte de mais uma vítima no âmbito de um acidente de viação", acrescenta a nota, segundo a qual "todos os elementos ora vindos a público, designadamente através da comunicação social, serão objeto de análise e investigação".
A PGR apela também "a todos os que tenham conhecimento de quaisquer factos relacionados com os incêndios de Pedrógão Grande o envio dos mesmos ao Ministério Público", fornecendo a seguinte morada: Procuradoria da República - DIAP de Leiria, Avenida Marquês de Pombal, n.º 1, 1.º e 2.º, 2410-152 Leiria.
Este apelo surge depois de o primeiro-ministro ter feito o mesmo. "Se alguém tem conhecimento de um maior número de vítimas deve, obviamente, comunicar imediatamente esse facto à Polícia Judiciária e ao Ministério Público", afirmou António Costa depois de ter sido confrontado com a disparidade de número de vítimas mortais da tragédia de Pedrógão.
O incêndio provocou, segundo as autoridades, 64 mortos. Mas, nos últimos dias surgiram notícias que dão conta de mais vítimas mortais. Na edição de hoje, o jornal I publica uma lista com 73 nomes que o jornal diz terem sido mortos confirmados da tragédia. Desta lista, elaborada por uma empresária para a realização de um memorial às vítimas, fazem parte 38 nomes de pessoas que morreram na Estrada Nacional 236.1, encurraladas pelos incêndios.
Já no fim de semana, o jornal Expresso referia que o número final de mortos, divulgado pelas autoridades, excluía pelo menos um caso: de uma senhora que morreu atropelava quando fugia às chamas.
É precisamente este caso que agora é alvo de um novo inquérito do Ministério Público.
O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje que seria intolerável que algum facto ficasse por apurar ou que permanecessem quaisquer dúvidas sobre o incêndio em Pedrógão Grande.
"Seria intolerável, perante o drama que vivemos em Pedrógão, que houvesse qualquer facto que ficasse por apurar ou qualquer dúvida que subsistisse. Tudo deve ser esclarecido o mais pronta e seguramente. É por isso que as autoridades estão a trabalhar, para apurar e esclarecer aquilo que todos nós temos direito a saber", afirmou o chefe do Governo.
No entanto, o primeiro-ministro manifestou sentir-se chocado com o debate em torno dos critérios estatísticos para contabilizar os mortos do incêndio.
"Considero até chocante a discussão sobre critérios estatísticos", disse, sublinhando que a "dimensão da tragédia" não é menor mesmo que tivessem sido metade as vítimas mortais.
A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, referiu que esses critérios são responsabilidade da PJ e do MP e garantiu que "não existe nenhuma lista secreta".
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O Governo garantiu que as autoridades no terreno andaram casa a casa para averiguar a existência de mais vítimas.
O primeiro-ministro, António Costa, realçou hoje que a lista dos potenciais desaparecidos na altura do incêndio foi "exaustivamente verificada" e que a informação de que dispõe é que todas as aldeias foram vistas, casa a casa, pelas autoridades.
Também a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, salientou que "houve equipas mulltidisciplinares que estiveram por todas as aldeias, foi batido todo o terreno, nomadamente por militares, e não houve notícia de mortos relacionadas com o incêndio".
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, afirmou por seu lado que foi realizado "um trabalho de rastreio muito intenso" por parte das Forças Armadas e da GNR no terreno para apurar se existiriam mais vítimas no incêndio de Pedrógão Grande.
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"A partir de certa altura, o que se tentou apurar foi, para além daquelas 64 vítimas - o número oficial dado pelo Instituto Nacional de Medicina Legal -, ver se havia ainda a hipótese de haver outros corpos e outras vítimas que não tivessem sido encontrados", disse.