Mariana Mortágua abre hostilidades com Nóvoa, Belém e Edgar

Deputada do Bloco vinca diferenças entre Marisa Matias e os outros candidatos de esquerda, usando imposições europeias e repressão em Angola como trunfos

Já não é apenas Marcelo, Marcelo Marcelo. Esta quarta-feira, no mítico salão d'A Voz do Operário, Mariana Mortágua abriu as hostilidades entre a candidatura de Marisa Matias, apoiada pelo BE, e as restantes que ocupam um espaço político de esquerda.

A deputada bloquista criticou o facto de, até agora, a campanha eleitoral estar a decorrer com "abstrações de todo o tipo" e criticou que todos os candidatos procurem passar a imagem de que "amam cada letra da Constituição com o mesmo ardor" e defendem da mesma forma o "respeito incondicional pelos direitos humanos em Portugal e no estrangeiro".

Se os ataques a Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado por PSD e CDS, têm sido uma constante - a parlamentar do BE lembrou o voto do professor "contra a criação do SNS" e a tentativa de o "aniquilar mais tarde" -, Mariana deu início ao fogo cruzado à esquerda.

Um por um, atacou os restantes candidatos. Sobre Maria de Belém apontou que "jura defender a Constituição", mas, em simultâneo, "diz que está disposta a demitir o governo se as exigências europeias não forem incumpridas". Isto é, que cumprirá a Lei Fundamental "desde que Bruxelas não ordene o contrário".

Sobre o candidato apoiado pelo PCP, notou que Marisa e Edgar Silva até têm "posições semelhantes contra a guerra e pela dignidade" dos portugueses, mas puxou de um trunfo: "Marisa nunca se calou quando o regime angolano atentou contra os direitos humanos de Lutay Beirão e dos outros ativistas."

Já sobre Sampaio da Nóvoa, sublinhou que o "papel do Presidente da República será o de confrontar e desobedecer às instituições europeias", ao contrário do que tem sublinhado o ex-reitor da Universidade de Lisboa, que se tem batido apenas por uma Europa diferente. Mariana salientou ainda que o próximo Chefe do Estado tem de "fazer valer a Constituição contra os ataques e as chantagens da União Europeia".

A rematar, a vice-presidente da bancada do BE usou uma expressão a que Marisa Matias recorrera durante a tarde para fazer um novo remoque, não só a Marcelo mas a toda a esquerda: "Nesta campanha não é preciso inventar a roda, o que é preciso é perceber que o Presidente não é primeiro-ministro mas não é um espectador. Tem de ter ideias claras, tem de dizer ao que vem."

Pedro Filipe Soares e Marcelo: "Lobo com pele de cordeiro"

Já o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, criticou "aqueles que querem desvalorizar estas eleições" e que querem colocar lá, no Palácio de Belém, alguém que lhes faça "os favores". A indireta tinha Marcelo Rebelo de Sousa como alvo, o candidato que o dirigente bloquista classifica como "um camaleão" na política.

Nos ataques ao professor, o presidente da bancada bloquista notou as suas contradições sobre a Lei Fundamental - referiu, a propósito dos cortes de salários e pensões dos últimos anos que, para Marcelo, "a troika é quem mais ordena" e lembrou as considerações de que o Tribunal Constitucional é "um órgão político" - e apontou o dedo ao "afeto" que o candidato diz querer transportar para a campanha. "Não nos deixemos enganar nas próximas eleições, como diz o ditado, é um lobo com pele de cordeiro".

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