Livreiros fazem apelo "desesperado" para sobreviver

Existem em Portugal 1200 pequenas livrarias e papelarias que temem as consequências da compra em lote de manuais

"Este texto é mais do que uma carta aberta - é uma manifestação desesperada de milhares de microempresas que o governo insiste em ignorar." Começa assim o documento, subscrito por cerca de duas dezenas de pequenos livreiros e papelarias, que será hoje tornado público por estes pequenos negócios.

A carta surge um dia depois de o DN ter divulgado que muitos destes pequenos negócios - existem 1200 em Portugal, de acordo com números da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) - poderão não sobreviver caso o governo deixe de tomar medidas que impeçam a compra por atacado dos manuais do 1.º ciclo, agora distribuídos gratuitamente a todos os alunos do 1.º ciclo.

Em causa, segundo relataram livreiros ouvidos pelo DN, está a prática, por um número crescente de escolas, da aquisição em lote dos manuais, junto de empresas de maior dimensão, em troca de descontos ou outras contrapartidas, que acaba por penalizar quem não consegue baixar as margens.

A situação dos pequenos livreiros é agravada pelo facto de o mercado editorial em geral estar a atravessar um período complicado, com poucas vendas, nomeadamente na área da ficção, o que torna as comissões de 10% a 20% recebidas pelos manuais particularmente importantes e em alguns casos, testemunhados ao DN, a diferença entre manter o negócio ou fechar as portas.

O apelo dos livreiros passa pela entrega às famílias, que terão direito aos livros do 1.º ciclo, de vouchers com os quais estas poderão escolher livremente o estabelecimento onde compram os livros.

O Ministério da Educação pediu às escolas que adotassem práticas que protejam o comércio tradicional mas admite não poder interferir diretamente nesta questão, lembrando que os agrupamentos gozam de autonomia a este nível.

Os livreiros têm também mantido contactos com os grupos parlamentares, nomeadamente com o PS e o CDS, além dos pedidos feitos ao Presidente da República e ao governo.

Leia aqui o texto completo da carta aberta

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