Chefe do Estado-Maior do Exército exonerou cinco chefias militares
O chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) exonerou cinco chefias militares na sequência do roubo de material de guerra em Tancos, anunciou o próprio general Rovisco Duarte na RTP.
"Não quero que haja entraves às averiguações e decidi exonerar os cinco comandantes das unidades que de alguma forma estão relacionadas com estes processos", anunciou o CEME.
Rovisco Duarte disse que decidiu exonerar estes comandantes "por uma questão de clareza e para não interferirem com o processo de averiguações até se esclarecer".
Os comandantes dos regimentos de Paraquedistas, coronel Hilário Peixeiro, de Engenharia, coronel Paulo de Almeida, e de Infantaria de Tomar, coronel Ferreira Duarte, são três dos oficiais demitidos na sequência do roubo de material de guerra, detetado ao fim da tarde de quarta-feira.
Os outros dois oficiais exonerados foram os comandantes da unidade de apoio da Brigada de Reação Rápida, tenente-coronel Teixeira Correia, e da Unidade de Apoio Geral de Material do Exército, coronel Amorim Ribeiro, revelou o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) em entrevista à RTP.
O anúncio destas exonerações surge depois de Passos Coelho ter manifestado surpresa por ainda não ter havido exonerações ou pedidos de demissão neste caso.
"Fico espantado por até hoje na própria hierarquia militar não ter havido ninguém que tivesse sido exonerado ou colocado o lugar à disposição no caso do roubo de material de guerra, em Tancos, e temos um ministro da Defesa que assume a responsabilidade política, sem que ninguém saiba associar isso a qualquer ação", frisou Pedro Passos Coelho.
[artigo:8606496]
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, por seu lado, defendeu hoje em Sesimbra que é necessário apurar as circunstâncias em que ocorreu o roubo de material militar em Tancos e retirar as devidas consequências políticas.
"O PCP não pode deixar de considerar o assalto a um paiol militar em Tancos como um caso de extrema gravidade e a necessitar de todo o apuramento, incluindo a retirada de consequências", disse.
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, já tinha dito, em Castelo Branco, que assume a "responsabilidade política" após o furto de material de guerra em Tancos pelo "simples facto de estar em funções".
"O simples facto de estar em funções, implica uma responsabilidade quotidiana e não é agora que eu me vou escusar a ela. O que chamo a atenção é para a natureza distinta das circunstâncias que envolvem este caso. Pelas circunstâncias pelas quais diretamente eu respondo, procurei esclarecer e procurei explicar", sustentou.
[artigo:8606096]
O chefe do Estado-Maior do Exército tinha reconhecido, esta tarde, em declarações à SIC, que quem roubou o material de guerra do quartel de Tancos tinha "conhecimento do conteúdo dos paióis" e admitiu a possibilidade de fuga de informação.
"Para haver algo deste género tem de haver informação interna", assumiu, acrescentando que, além da investigação conduzida pela Polícia Judiciária Militar e pela Polícia Judiciária, vai decorrer um inquérito no Exército para apuramento de eventuais responsabilidades.
Atualizado às 22:55, com os nomes dos oficiais exonerados