Porque foi decidida a atribuição do passe Sub23 sem condição de recursos? Já aconteceu no passado, e sendo esta a idade em que os jovens podem tirar a carta, é a idade ideal para os amarrar ao uso de transportes coletivos..O alargamento do passe social a todo o território nacional também vai nesse sentido. Vai nesse sentido e também muito associado ao transporte flexível. É sempre mais difícil estruturar redes de transporte coletivo em territórios onde a densidade é menor. E para que todo o pacote esteja completo, é fundamental associar à noção de transporte flexível a possibilidade de as pessoas mais carenciadas - e aí, sim, é com condição de recursos - poderem ter um passe que hoje só existe nas áreas metropolitanas..Anda de transportes públicos? Não tenho carro. Ando sobretudo de mobilidade suave. Ando muito a pé, e é fácil encontrarem-me a pé, a andar nas cidades de Lisboa e do Porto. Conheço melhor a rede de transportes coletivos do Porto e, portanto, uso-a mais comummente. Em Lisboa, praticamente, só ando de metro. Confesso que conheço mal a rede dos autocarros..E tem ouvido as queixas dos utentes de que os transportes públicos funcionam mal? Tenho ouvido essas queixas. Nos últimos quatro anos houve perda da oferta. Os muitos problemas que o metro tem (e que não escondo) resultam de se terem perdido mais de 300 trabalhadores - estamos agora a contratar 30 -, de a manutenção ter sido completamente descuidada, de não terem sido feitos pequenos investimentos, nomeadamente em coisas como as escadas rolantes. O grande salto vai acontecer agora, de 2016 para 2017. Mas é também verdade que, até hoje, o metro aumentou a sua procura em quase 10% ao longo deste ano, e isso também tem muito significado..Mas por via do turismo, provavelmente. Não necessariamente. Cada vez mais nós temos de ter sistemas de bilhética adaptados à procura que temos. Dito de outra forma, as receitas estão a aumentar nos transportes coletivos de Lisboa e do Porto cerca de 6% até à data, mas o número de passes não está a aumentar. Isto é, as pessoas já não se comprometem, como eu costumo dizer, já não se casam nem por um mês. A desmaterialização do Andante na Área Metropolitano do Porto (e o projeto seguinte será também na Área Metropolitana de Lisboa), em que, no fundo, é o quê? É a partir do nosso smarthphone ser identificada a nossa entrada e a nossa saída. No final do mês é feito um cômputo de todas as viagens e avaliada a forma mais económica de essas viagens serem feitas. E, com isso, é-nos enviada para casa uma conta, no final do mês, uma conta de mobilidade, como hoje é enviada a conta da água, a conta da luz e a conta do telefone. E isto estará em funcionamento ao longo do próximo ano..E os incentivos fiscais para a utilização dos transportes públicos não foram por diante porquê? Os incentivos fiscais para a utilização dos transportes públicos hão de ter, certamente, neste Orçamento do Estado, que é aprovado na Assembleia da República, boas notícias..Porque é que está tão convicto disso? Porque faz sentido e porque há um amplo consenso entre os partidos, sendo verdade que a proposta de lei de Orçamento que foi para o Parlamento ainda os não inclui. Mas o que é importante é que, no fim, eles estejam lá..A passagem da gestão da Carris para a Câmara Municipal de Lisboa poderá ajudar a solucionar alguns destes problemas? Sim. Quem gere a via pública e o território de proximidade é claramente quem pode aproveitar melhor o potencial de flexibilidade de uma empresa de transportes coletivos rodoviários. Não faz sentido o governo pedir a uma autarquia para pintar uma faixa de bus ou pedir para que nos semáforos o verde fique mais cedo do que os outros, não é?.Será mesmo alargada a rede de metropolitano de Lisboa e Porto? No Orçamento do Estado estão as verbas de investimento nos metros de Lisboa e Porto, as verbas necessárias para no próximo ano se desenvolver os projetos para uma obra que, desde o início, foi sendo dito, não começará antes do segundo semestre de 2018.