Comunicação social evitou repetir declarações de Portas

Comissão Nacional de Eleições considerou que afirmações podiam "ser entendidas como declaração de apoio" a um candidato

Os media evitaram repetir as declarações de Paulo Portas que a Comissão Nacional de Eleições considerou ontem como apoio a um candidato, disse fonte oficial desta entidade ao DN. "Houve recetividade da parte da generalidade dos órgãos de Comunicação Social", confirmou o porta-voz da CNE, João Almeida.

Em causa o facto de o presidente do CDS-PP ter dito na manhã de ontem, quando exercia o seu direito de voto, o que a Comissão qualificou - na sequência de reclamações apresentadas por muitos cidadãos - "como declaração de apoio a um dos candidatos".

"Que tivéssemos visto ou que alguns cidadãos nos tivessem comunicado - e fazem-no com indignação - não houve qualquer participação e não houve nenhum caso" detetado de repetição das declarações em causa pelos media, precisou João Almeida.

Paulo Portas, momentos após votar em Caxias, disse aos jornalistas: "Se houver uma boa participação hoje, o assunto pode ficar resolvido à primeira volta", sendo ele um dos que achava"que o que se pode resolver à primeira volta não se deve deixar para uma segunda".

Em reunião plenária, a CNE considerou que as afirmações do líder do CDS-PP "podem ser entendidas como declaração de apoio a um dos candidatos" - no caso Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de não identificado - e, na altura, recomendou que "os órgãos de comunicação social devem cessar a transmissão da parte final das respetivas declarações".

Poucas horas depois, na sequência de uma queixa contra a televisão pública, a CNE deliberou manifestar a sua preocupação por a RTP ter exibido - com "duração desmesurada" - uma reportagem sobre o momento da votação de Marcelo Rebelo de Sousa, bem como "alguns comentários" feitos ao longo dos minutos seguintes da programação.

"Constatámos que a diferença de tratamento era tão grande que, de facto, não podíamos deixar de tomar uma atitude", argumentou o porta-voz da CNE ao DN. Consequências? "Iremos ouvir a RTP, o pivô expressamente referido" e, depois, "ver se há motivo para remeter a queixa ao Ministério Público", adiantou João Almeida.

Queixas recebidas

Ao longo do dia de ontem, a CNE recebeu cerca de 250 participações apresentadas por cidadãos, entre queixas e pedidos de esclarecimento, adiantou João Almeida.

Embora sem dados comparativos com anteriores eleições presidenciais, João Almeida assinalou que nas recentes legislativas houve cerca de 750 pedidos feitos à CNE.

Citado pela Lusa, admitiu como explicação o facto de as eleições para a Presidência da República terem menos candidatos e menos elementos envolvidos na campanha do que umas eleições legislativas.

Quanto às presidenciais de ontem, o porta-voz da CNE admitiu que "cerca de um terço" das 250 participações terão correspondido a queixas - a maioria das quais relativas ao tratamento jornalístico ou propaganda de rua.

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