Coronel Vasco Lourenço: "Não aceitamos lições de moral"

O militar de abril, que falou esta noite num jantar comemorativo em Alcântara, deixou implícita uma crítica ao ministro da Defesa, Azeredo Lopes, a propósito do caso do Colégio Militar
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Vasco Lourenço, Presidente da Associação 25 de abril, quis deixar um recado "em nome" dos militares da revolução dos cravos, a propósito de "algumas polémicas artificiais e demagógicas". "Desde 25 de abril de 1976 que a instituição militar de afirmou defensora e cumpridora da Constituição da República Portuguesa que nesse dia entrou em vigor. E, até hoje, tem cumprido exemplarmente esse seu compromisso. Não vemos em Portugal alguém que tenha autoridade moral para, como acontece de vez em quando, nos acusar de querermos sobrepor o poder militar, isto é, as Forças Armadas, ao poder democrático. Fomos e somos cidadãos livres e democratas. Demonstrámo-lo quando foi. Nestes campos não aceitamos não aceitamos lições de ninguém", declarou o coronel.

Vasco Lourenço falava num jantar comemorativo da Associação, organizado com a junta de freguesia de Alcântara, que teve lugar esta noite de domingo naquela localidade e que contou com a presença do presidente da câmara de Lisboa Fernando Medina e o dirigente da junta Davide Amado.

Questionado pelo DN, à margem da cerimónia, sobre se as suas palavras se dirigiam ao ministro da Defesa, Azeredo Lopes, a propósito da sua intervenção no caso do Colégio Militar, o oficial confirmou. "Isso e não só. Também em relação a muitos comentadores que por aí escreveram, como se nós militares não defendêssemos os valores da Constituição. Como cidadãos temos direito às nossas opiniões. Não é por isso que nos queremos sobrepor ao poder político. Não admito que me acusem duma coisa dessas", sublinhou.

Na sua intervenção, Vasco Lourenço recordou a "radiosa madrugada de abril", mas também "algum sentimento de frustração, de desencanto, de desilusão. Estamos melhor, mas podíamos estar muito melhor". Criticou o anterior governo por ter "delapidado, alienando, vetores estratégicos da economia nacional" e elogiou o "povo português que conseguiu por cobro ao período negro que atravessávamos e que vinha pondo em risco tudo o que cheirava a abril". Hoje, sublinhou, "sentimo-nos mais aliviados. Temos um governo resultante de uma aliança das forças políticas que se reclamam dos valores de abril e um Presidente da República que, pelas suas declarações públicas manifestou formalmente assumir o cumprimento da Constituição como norma da sua ação".

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