Azeredo Lopes elogia as "soluções draconianas" para paióis de Tancos
O ministro da Defesa enalteceu ontem o Exército por, em menos de três semanas, ter tido a "capacidade de fazer o diagnóstico" à segurança dos paióis de Tancos e propor "soluções draconianas" para evitar a repetição do furto de material militar ali existente.
Azeredo Lopes, que falava aos jornalistas no final de um exercício militar da Marinha na área de Troia, referiu especificamente a transferência do material de guerra dos paióis de Tancos para outros "de maior segurança, maior modernidade e maior capacidade" como uma dessas "soluções draconianas".
Dizendo não querer apresentar-se como porta-voz do Exército, o governante explicou que as averiguações feitas pelo ramo eram apenas de natureza técnica - perceber o que sucedeu, quais as medidas corretivas a implementar - e não visavam tirar ilações de natureza disciplinar sobre quaisquer dos militares envolvidos.
"Eventuais responsabilidades, eventuais factos que apontem para responsabilidades [criminais de militares] muito mais depressa resultam da investigação da Polícia Judiciária Militar e da Polícia Judiciária do que por averiguações levadas a cabo pelo Exército", sublinhou o ministro da Defesa.
Citando o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Azeredo Lopes clarificou a natureza não disciplinar das exonerações dos comandantes das cinco unidades responsáveis pela segurança dos paióis de Tancos - e que ontem foram renomeados para os cargos, após concluídas as averiguações internas realizadas sem que eles pudessem intervir a fim de assegurar a transparência do processo, disse o general Rovisco Duarte.
O ministro reafirmou depois a sua disponibilidade para prestar declarações na comissão parlamentar de Defesa - na qual, lembrou, "a obrigação de sigilo foi quebrada" durante a audição do comandante do Exército - sempre que ali for chamado, após o PSD ter apresentado novo requerimento para ouvir sobre o caso de Tancos o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) e os secretários-gerais dos sistemas de Informações da República Portuguesa (SGSIRP) e de Segurança Interna (SGSSI).
Estas audições foram aprovadas ontem, embora de forma condicionada até o presidente da comissão parlamentar de Defesa confirmar a sua viabilidade nos próximos dias com o presidente do Parlamento, disse ao DN o deputado do PSD Bruno Vitorino.
Uma das questões ainda em aberto, e que hoje também ficará clarificada, é a da audição de Azeredo Lopes que já estava agendada para a próxima semana (sobre a recente reunião dos ministros da Defesa da NATO). A ideia, informou Bruno Vitorino, é adiar essa reunião a fim de facilitar o agendamento das referidas audições do CEMGFA, do SGSIRP e do SGSSI.
Investigação militar
A nível estritamente militar, contudo, está em curso a investigação aberta pelo Regimento de Engenharia 1 (RE1) na sequência do furto de material de guerra nos paióis de Tancos, que poderá dar origem a processos disciplinares, admitiram fontes militares ao DN.
Note-se que o furto (explosivos plásticos, lança-granadas antitanque, granadas ofensivas, munições) foi detetado a 28 de junho, tendo sido de imediato chamada a PJM e cães da GNR.