Assunção Cristas quer "sacrificar" escolas públicas

PCP critica "cinismo" da direita quando "fala de despedimentos" de professores. BE diz que proposta não tem sentido

Assunção Cristas defendeu ontem que a escola pública também deve ser "sacrificada", não apenas os colégios privados com contratos de associação.

No dia em que estes estabelecimentos se manifestaram em Lisboa, a presidente do CDS questionou os limites constitucionais do ensino público, dizendo que "faz sentido olhar para estes critérios" - usados para definir os contratos de associação - "e decidir se, nalguns casos, não deve ser a escola privada ou do setor cooperativo a ser sacrificada, mas deve ser a escola pública que, claramente, não [deve] abrir mais uma turma".

"Não é evidente que uma escola que presta um bom serviço, que tem bons resultados, que é a preferida pelos pais e que não custa mais para o Estado deva ser sacrificada só porque ao lado há uma escola pública estatal que deve ser sempre mantida", insistiu Assunção Cristas, citada pela Lusa, a partir de Macedo de Cavaleiros.

A líder centrista admitiu, num almoço com militantes, que seja feita uma avaliação para "perceber quais são os custos para o Estado, qual é a opção das famílias e quais são os resultados das escolas".

Comentando ao DN estas afirmações, fonte oficial do Bloco defendeu que "esta declaração mostra o que já sabemos: a direita olha para o Estado como uma oportunidade de rendas para privados. A obrigação do Estado é a defesa da escola pública", acrescentando que "a afirmação" de Assunção Cristas "não tem sentido".

Sem se referir diretamente às declarações da líder centrista, o secretário-geral do PCP atacou o que disse ser "o cinismo com que PSD e CDS falam de despedimentos de professores nas escolas com contratos de associação". Para Jerónimo de Sousa, "fica bem patente na sua política de encerramentos e cortes de mais de 3000 milhões de euros nos últimos quatro anos na educação e que teve, entre outras consequências, o despedimento de 28 mil professores", disse num encontro com militantes do distrito de Santarém, em Tramagal.

"O ataque" que a maioria de direita "promoveu à escola pública", de 2011 a 2015, aprofundou, segundo Jerónimo, "uma desastrosa orientação de sucessivos governos de ausência de uma política de alargamento da rede pública de ensino, conjugada com o encerramento de milhares de escolas, cerca de 400 do 1.º ciclo aqui no distrito [Santarém], e que serviu de pretexto ao governo do PSD-CDS para dar passos significativos na privatização da escola pública".

Esses passos dados pelo executivo anterior de Passos Coelho e Paulo Portas levaram "a que o Estado recorresse aos contratos de associação com estabelecimentos de ensino privado e cooperativo, assumindo estes um carácter complementar de garantia do direito à educação onde não existia resposta pública", apontou o líder comunista.

Jerónimo de Sousa completou dizendo que isto tem sido feito "à revelia do quadro legal" que permitiu desviar alunos da escola pública para colégios privados, criando expectativas nos trabalhadores, alunos e pais, relativamente à continuidade do ensino privado financiado pelo Estado, que este não pode nem deve assumir". "Alguns desses interesses privados exploram descarada e demagogicamente esta situação insustentável de o Estado pagar colégios privados onde existe ensino público", rematou.

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