O empresário António Moutinho Cardoso, acionista da EDP, apresentou uma participação criminal por denúncia caluniosa, sob a forma continuada, contra autores de queixas anónimas sobre a EDP, que determinaram a investigação às rendas na energia que conta nove arguidos..De acordo com a participação criminal, a que a Lusa teve acesso, e que o Procurador da República já juntou ao processo principal, "os factos denunciados [por anónimos que assinam como ex-colaboradores da EDP e da REN] são ofensivos e caluniosos, pois a EDP não move influências nem delineia estratégias desonestas e ilegais, o que os anónimos denunciantes bem sabem".."Ao propalar tais factos inverídicos, o (s) desconhecido (s) aqui participado (s) representou (aram) e quis (eram) ofender a credibilidade, o prestígio e a confiança que é devida à EDP", defende, referindo que a intenção era "denegrir o bom nome da instituição [EDP]"..A participação criminal do empresário do Porto, titular de mais de três milhões de ações da EDP, uma participação que vale à cotação em bolsa perto de nove milhões de euros, refere que, "se os denunciantes anónimos tivessem a consciência de que os factos imputados correspondiam à verdade, teriam fornecido informação e elementos de prova adequados [...] e colocado o seu depoimento ao serviço da investigação, não se acobardando no anonimato de missivas não assinadas, de pseudónimos que não permitem, sem mais, identificar o autor ou autores das denúncias"..Assim e, uma vez que "a denúncia caluniosa" tem reflexo "no valor económico da empresa" e no "ativo financeiro", António Moutinho Cardoso pretende que "se investigue quem foi o autor das denúncias para posteriormente se constituir assistente"..De acordo com o advogado Pedro Marinho Falcão, a participação criminal enviada ao Procurador Geral da República já foi aceite e apensa, em 30 de junho, ao processo principal, que investiga eventuais crimes de corrupção e participação económica em negócio na área da energia, estando a ser investigados "factos subsequentes ao processo legislativo, bem como aos procedimentos administrativos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que ocorreu em 2004, com a sua regulamentação a ocorrer três anos mais tarde..A primeira denúncia anónima em causa, remetida ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) em janeiro de 2012, está assinada por "RF, ex-colaborador da EDP que se demitiu por não compactuar com estas aldrabices"..O denunciante fala do processo de privatização da EDP, como "uma verdadeira vergonha, um roubo, um acumulado de corrupção liderado pelo senhor [António] Mexia [presidente da EDP]", pedindo que "haja coragem para uma operação ciclone (depois da operação furacão)"..Nessa denúncia, é referida ainda "a negociata dos famosos contratos de manutenção do equilíbrio contratual [CMEC], com o apanágio do senhor Manuel Pinho [antigo ministro da Economia]", que, continua, "revestem características de um filme de máfia italiana"..No mesmo mês, chegou ao DCIAP uma nova denúncia anónima, que alude novamente "à negociata dos CMEC e do prolongamento das concessões de 18 barragens à EDP em 2007 e 2008", referindo que foi tudo negociado no Marquês do Pombal (antiga sede da EDP) e na Horta Seca (onde funciona o Ministério da Economia)..O processo em causa contabiliza nove arguidos: o antigo diretor-geral de energia Miguel Barreto, o antigo ministro da Economia Manuel Pinho, o presidente executivo da EDP, António Mexia, e o presidente da EDP Renováveis e administrador da EDP João Manso Neto, o administrador da REN e antigo assessor de Manuel Pinho João Conceição, o ex-presidente da REN e antigo assessor de Pinho Rui Cartaxo, o diretor da REN Pedro Furtado e dois antigos gestores da EDP, Pedro Rezende e Jorge Ribeirinho Machado.