O Bloco de Esquerda continua sem ter definições quanto à candidatura a apoiar nas Presidenciais de 2026. O plano inicial, sem reservas, foi acertado e divulgado no final de junho. Na reunião da Mesa Nacional, a 28 desse mês, o partido declarou que “o objetivo do campo à esquerda do PS deverá ser de contribuir para o surgimento de uma candidatura de convergência ampla, capaz de reunir todas as forças à esquerda do PS em defesa do Estado Social e das liberdades constitucionais”, reforçando que a candidatura “poderá mobilizar também o apoio e o voto de muitos eleitores socialistas”.Sampaio da Nóvoa é o nome mais apreciado nas estruturas do partido para essa mesma congregação à esquerda. Joana Mortágua disse e escreveu que apoiaria o professor universitário, em declarações repercutidas pelo site Esquerda.Net após declaração de opinião ao Expresso. Sem avanços para uma segunda candidatura a Belém - Sampaio da Nóvoa acumulou 22,9% dos votos em 2016 - o Bloco mantém-se na expectativa. A demora, neste caso, indicia que o partido poderá ter de encontrar soluções próprias para ir a jogo em janeiro de 2026. Sampaio da Nóvoa não tem aberto a possibilidade de se recandidatar e, a pouco mais de cinco meses das Presidenciais, aguarda-se, com brevidade, uma decisão. Não passa pela cabeça à direção dos bloquistas não apoiar ou não se fazer representar por algum candidato. O processo, sabe o DN, ainda não teve avanços, mas nova reunião da Mesa Nacional poderá ser marcada nas próximas semanas e o tema Presidenciais não será esquecido.O DN sabe que o Bloco não se revê em António José Seguro, candidato a Belém que deverá ser apoiado pelo Partido Socialista, pelo menos assim espera o ex-secretário-geral do PS. Nesse sentido, com os nomes já conhecidos, só António Filipe, do PCP, se apresenta numa linha ideológica à esquerda. Está longe de ser o plano A do partido, apesar de a sua conduta no parlamento e a capacidade de trabalho em prol da defesa dos trabalhadores serem fatores elogiados pelos restantes partidos de esquerda. O PCP apresentou o nome do candidato dois dias depois da reunião da Mesa Nacional do Bloco, que contou com cerca de oito dezenas de pessoas. Por isso, fontes do partido advogam, ao DN, que é uma candidatura nascida no PCP, um pouco à revelia do que outros partidos de esquerda pudessem pensar, sem ter em conta justamente a ideia de congregação. Como tal, pode assumir-se como sendo impensável de um ponto de vista agregador para tentar chegar a uma segunda volta eleitoral.Ainda assim, há militantes que discordam. Pedro Soares dá corpo a isso mesmo. “O objetivo do Bloco é unir a esquerda, António Filipe é uma hipótese, deveria ser ponderado, embora saiba que é difícil todos concordarem comigo. Acho que não faz sentido para esta campanha que cada partido tenha um candidato. Era importante uma solução de esquerda que não se revê no PS”, considera ao DN o militante do BE, dando o exemplo das “coligações com PAN, Livre e PS para as Autárquicas” como um bom compromisso político, acrescentando que “conversar com toda a gente inclui falar com o PCP”. Pedro Soares é ex-deputado bloquista e um dos rostos da oposição interna, contextualização necessária neste caso ao assumir-se como dissonante da maioria em relação à possível aprovação de António Filipe. Não é o único, mas a solução junto ao PCP não é a preferencial para a Comissão Política do Bloco. Outros nomes, com ligação ao Partido Comunista Português, mas com lastro na luta sindical poderiam ser alternativas a considerar. Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP de 1986 a 2012, e o sucessor até 2020, Arménio Carlos são hipóteses avançadas pelos bloquistas contactados pelo Diário de Notícias. Uma potencial parceria com o Livre, de acordo com as fontes do Bloco de Esquerda ouvidas pelo DN, não está totalmente excluída, ainda que esta possa ser uma solução curta para os desejos de lutar pela chegada à segunda volta. Em termos de candidatura própria, no partido ainda não existem quaisquer movimentações internas e só nas próximas reuniões se começarão a desenhar os contornos para as Presidenciais. A prioridade tem estado direcionada para a elaboração das listas autárquicas e para as várias tentativas de convergência com outras forças de esquerda. .Presidenciais: António Filipe diz-se capaz de unir democratas que não se conformam com direita no poder.Presidenciais. Sampaio da Nóvoa recusa ter alimentado expectativas e esclarecer se é candidato