André Ventura critica escolha de Hernâni Dias para cabeça de lista pelo PSD às legislativas
FILIPE AMORIM/LUSA

André Ventura critica escolha de Hernâni Dias para cabeça de lista pelo PSD às legislativas

"Aparentemente a lógica do PSD de afastar pessoas suspeitas ou condenadas, ou pessoas com suspeitas éticas sobre elas, acabou", afirmou o líder do Chega.
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O presidente do Chega, André Ventura, criticou esta quinta-feira a escolha do ex-secretário de Estado Hernâni Dias para um dos cabeças de lista do PSD nas próximas eleições legislativas, considerando que "mostra a desorientação de Luís Montenegro".

"Aparentemente a lógica do PSD de afastar pessoas suspeitas ou condenadas, ou pessoas com suspeitas éticas sobre elas, acabou", afirmou, em declarações aos jornalistas antes de contactar a população no concelho da Amadora (distrito de Lisboa).

O líder do Chega afirmou que Hernâni Dias saiu do Governo "porque tinha aberto uma imobiliária enquanto era governante", passando a deputado, e agora vai liderar a lista da coligação PSD e CDS-PP por Bragança.

André Ventura critica escolha de Hernâni Dias para cabeça de lista pelo PSD às legislativas
Governo em peso na disputa eleitoral. Só cinco ministros não são cabeças de lista da AD às legislativas

"Não dava para ser governante, mas dava para ser cabeça de lista por Bragança. Isto mostra a desorientação de Luís Montenegro", criticou.

André Ventura criticou também a escolha do presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, que é terceiro na lista de candidatos do PSD à Assembleia da República pelo círculo de Vila Real.

"Fernando Queiroga foi condenado judicialmente por crimes económicos e está na lista do PSD por Vila Real, em lugar elegível", afirmou, considerando que ou os partidos levam "a sério isto, e quando há situações tiram consequências delas, ou então estão a brincar e a falar de ética só por falar".

"Eu lembro-me que a AD dizia que corrupção e falta de ética já não dá para continuar, eram os 'outdoors' que tinham o ano passado, mas quer dizer, apresentam candidatos que têm comprovadamente falta de ética e alguns deles já estão condenados", acusou, considerando que se isso acontecesse com o Chega abriria "todos os jornais da noite".

André Ventura apelou ao primeiro-ministro que esclareça estas escolhas, lembrando que Luis Montenegro classificou como "uma imprudência" a atitude de Hernâni Dias, e defendeu que o líder do executivo "deve responder para bem da integridade da campanha eleitoral".

"Se queremos mesmo ter uma campanha eleitoral de exigência ética e de luta contra a corrupção ou se vamos manter o mesmo esquema de sempre, e aparentemente o PSD vai manter o mesmo esquema de sempre", acusou.

O presidente do Chega foi questionado também sobre o modelo dos debates televisivos entre os partidos com representação parlamentar, e voltou a indicar que o partido quer mais debates em canal aberto.

"O PSD tem sete debates em canal aberto e o Chega tem dois, quando temos uma diferença de sete pontos percentuais, isso não faz sentido nenhum", defendeu, referindo que o seu partido tem o mesmo número de debates em canal aberto e fechado do que, por exemplo, o Livre, que elegeu quatro deputados, enquanto o Chega elegeu 50.

Ventura considerou também que "é um certo desrespeito [Luís Montenegro] não debater com alguns partidos parlamentares quando se é candidato a primeiro-ministro" e pediu razoabilidade, mostrando-se convicto de que será possível encontrar uma solução.

Hernâni Dias demitiu-se de secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território em dia 28 de janeiro, depois de ter sido noticiado pela RTP que criou duas empresas imobiliárias já enquanto governante, responsável pelo decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a polémica lei dos solos.

O ex-governante retomou depois o mandato como deputado do PSD na Assembleia da República.

André Ventura visitou hoje a Amadora, onde percorreu algumas ruas da cidade, e referiu que este "é um dos concelhos" onde "mais se têm feito sentir" questões relativas a habitação e imigração.

"Não há provavelmente nenhum concelho no país, nenhum, onde o controle da imigração e a fiscalização da habitação seja tão importante como aquele que temos aqui hoje", defendeu.

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