“Vai, é certinho, [Pedro Nuno Santos] reagir como se fosse a Mortágua.” A “convicção” sobre a “desproporção” da greve na CP, proferida na Figueira da Foz, numas obras, teria a resposta “esperada” horas mais tarde. Reagiu e “à moda da Mortágua”. “E se acontecesse hoje fumo branco?” Aconteceu. E os sinos tocaram em Fátima, estava Montenegro no Apollo, ladeado pela arte sacra das lojas ao lado.Os “momentos Marcelo” repetiram-se por Coimbra, Fátima e Santarém. “Tu viste? Caraças, saquei uma selfie ao Montenegro!” A frase, dita por um dos adolescentes do Colégio Sagrado Coração de Maria, em Fátima, e eram dezenas, como dezenas foram as selfies, já tinha sido proferida em Coimbra durante a travessia da Ferreira Borges e da Visconde da Luz, desde o Largo da Portagem até ao cima do Largo 8 de Maio, frente à câmara municipal. Selfies, sim. Dançar é que não. Pedro Santana Lopes, Rita Júdice, Paula Helena da Silva e um acanhado Nuno Melo fizeram as vezes de Montenegro, que só canta, no bailado do “Deixa o Luís trabalhar”, frente ao Flor de Canela, na “Figueira do Santana”.E o que quase passa “despercebido”? Os “civis” do Corpo de Segurança Pessoal da PSP - grupo da Unidade Especial de Polícia responsável pela segurança pessoal de altas entidades portuguesas e estrangeiras - que foi “atribuído” inicialmente por António Costa a Luís Montenegro, logo no final de fevereiro de 2024, após o ataque com latas de tinta verde ao então candidato a primeiro-ministro. Já foram “evitados infiltrados” e deixados em sossego “embriagados”, como um, em Santarém, que se cansou de ninguém lhe dar atenção: desistiu.10h20A visita a uma “empreitada de 36 fogos” a “custos controlados” para “arrendamento acessível”, na Figueira da Foz, quase em frente ao Flor de Canela, que estava marcada para as 10h30 e que só começou por volta das 11h15, acabaria por marcar o dia. O discurso “previsto” sobre habitação acabou submerso pela “convicção” de Montenegro de que “o direito à greve não pode ter uma prevalência tal que o país para, literalmente (…). Não quero comprimir o direito à greve. O que eu não quero é que esse direito tenha uma lesão tão significativa de outros direitos, e é preciso termos um regime que seja proporcional. Acho que as portuguesas e os portugueses compreendem muito bem isto.”O que Montenegro não disse, e que nem o ministro Miguel Pinto Luz esclareceu, é que na noite anterior ao anúncio da greve tinha havido negociações, que o “processo estava encaminhado” e que o Governo foi “surpreendido” pela manhã..O que também ficou por dizer, apesar das referências “a critérios de natureza política ou partidária, eventualmente ligados a este contexto eleitoral”, é que o Sindicato Nacional dos Maquinistas representa 857 trabalhadores num total de 869 - “um poder que paralisa o país” - e que “em média são pagos em suplementos mais de 1990 euros em cima de uma retribuição-base que vai dos 1174 aos 1988 euros”, disseram ao DN fontes governamentais.O que também ficou por dizer é que a “prevista” resposta de Pedro Nuno Santos teria réplica de Montenegro, à noite, em Santarém, citando precisamente o “ministro das Infraestruturas” que em 2019 queria “refletir sobre a Lei da Greve, sobre a organização sindical” e que fossem tidos em consideração “os atos eleitorais” quando se “decide fazer uma contestação ou uma greve. Não deviam”. E outra frase: “Temos também de refletir sobre a proliferação quase infinita de sindicatos.”Na tarde de quinta-feira, Pedro Nuno Santos acusou Montenegro de “chantagem e ameaça”, de “autoritarismo” e que “o direito à greve é uma das principais conquistas de Abril”. A “prevista” contradição tinha resposta “prevista”: “Incoerência.”12h35O encontro no Largo da Portagem, em Coimbra, atrasou meia hora. A diferença é que havia mais apoiantes, mais do dobro. A JSD de bandeiras e coluna portátil com o “deixa o Luís trabalhar” era a mesma. E ainda lá estava o “jotinha” de T-shirt com a inscrição “Laranja mecânica” - distopia de Anthony Burgess que Kubrick retransformou em filme. E se na Figueira foi Santana Lopes a fazer as “honras da casa” da casa, aqui foi José Manuel Silva - o autarca que vai concorrer, nas autárquicas deste ano, mais uma vez apoiado por PSD e CDS.A arruada até ao Largo 8 de Maio, frente a câmara municipal, foi demorada. E teve de tudo. Selfies, entradas em lojas, a banda que acompanha a comitiva que era “repouso” para o constante hino de campanha, beijos e abraços, um candidato cercado por câmaras..A hora de almoço aproximava-se. O meio da tarde estava destinado a Fátima. E haveria de acontecer o “fumo branco” - o que entre sorrisos e desabafos de “presságio” foi motivo de conversa.18h29A entrada de Montenegro em Santarém - no Largo do Seminário para os locais, mas Praça Sá da Bandeira de nome oficial -, rodeada pela Igreja de Nossa Senhora da Piedade, Museu Diocesano, Seminário e Sé Catedral foi palco para o comentário alongado sobre a eleição de Leão XIV, o novo papa, e para, após a travessia da Serpa Pinto até ao Largo de Marvila [a Igreja de Santa Maria de Marvila fica num dos topos], na verdade Praça Visconde Serra do Pilar de nome oficial, ser enunciada a mensagem que esta semana vai continuar a ser repetida. “Se acreditam que a AD é a solução, têm mesmo de ir votar. Não podem pensar que não é preciso ir votar, lá porque as sondagens nos põem em primeiro lugar. Precisamos mesmo de uma maioria maior.”A “legitimidade reforçada” que Montenegro voltou a pedir teve nas palavras de Nuno Melo um acrescento: “Quatro anos e mais além.”.Um dia com Luís Montenegro. Líder do PSD prepara de "forma preliminar" novo governo.Rui Rocha regressou a O Moisés, separou águas e teve quinoa na Casa do Alentejo