A próxima reunião do plenário da Concertação Social está marcada para 14 de janeiro de 2026, mas não é impossível que novos contactos possam servir de prenda natalícia para Luís Montenegro. Sobretudo se for possível reaproximar o Governo da UGT, cuja reação à centena de alterações à legislação laboral do anteprojeto Trabalho XXI se traduziu numa convergência com a CGTP para convocar a greve geral desta quinta-feira.Após o secretário-geral da UGT, Mário Mourão, ter dito que a central sindical “não viu outra alternativa que não fosse vir para a rua”, perante o impasse nas reuniões bilaterais com o Governo, a ministra do Trabalho fez cedências, na amamentação, parentalidade e cálculo de indemnização no despedimento coletivo, logo rotuladas de “inócuas”.O vice-presidente da UGT, José Abraão, reiterou ao DN que está nas mãos do Governo garantir o regresso à mesa negocial, depois de ter apresentado propostas “além do que seria razoável” no acentuar do desequilíbrio entre trabalhadores e empregadores, quando falta repor direitos perdidos no período em que Portugal esteve sob tutela da troika.“Continuamos a dizer que era desnecessário chegarmos aqui se tivesse havido menos rigidez e, em alguns pontos, radicalização no discurso do Governo”, diz Abraão, realçando que a UGT “nunca fecha as portas ao diálogo”..Explicador sobre a greve geral: legislação, impacto e direitos dos trabalhadores .No entanto, essa central sindical vê como “uma provocação” as referências que o primeiro-ministro fez, nos últimos dias, elevando a fasquia do salário mínimo nacional a 1600 euros, com o salário médio a atingir três mil euros no futuro próximo. E não vê que Montenegro esteja a contribuir para o consenso ao retomar o tema, na véspera da greve geral, dizendo que o objetivo “é mesmo realista” e será calendarizado “quando tivermos alicerces para isso”.Para José Abraão, as palavras do primeiro-ministro “não contribuirão para a desmobilização” na greve geral e também não ajudam a construir pontes com um Governo que a UGT diz estar a “radicalizar o discurso a coberto de uma agenda ideológica quanto às relações laborais”. Ainda assim, espera que sejam ultrapassados os efeitos daquilo que admite ser “inabilidade negocial” para “alcançar a paz social” que impeça uma “Primavera Quente” em Portugal. .Barómetro DN/Aximage. Greve geral tem apoio maioritário dos portugueses. Sindicatos também com opinião favorável