O Bloco de Esquerda reuniu no domingo, dia 26 de outubro a Mesa Nacional e, apesar de os temas abordados incidirem no balanço autárquico e na apreciação do Orçamento de Estado, o que está na ordem do dia é a substituição da coordenadora Mariana Mortágua que, no fim de semana, anunciou aos militantes que iria “concluir o processo orçamental” e depois “sair do Parlamento”, renunciando a uma recandidatura. O final do trajeto de coordenação do Bloco, após dois anos e meio de liderança, obriga a alterar a ordenação da Moção A. O documento da atual comissão política irá a votos na Convenção de novembro: nessa existirão listas candidatas à Mesa Nacional que, depois de eleita, nomeará a Comissão Política. Estão inscritas quatro moções opositoras à Moção A, da atual Direção, sendo que, como o DN noticiou, nenhuma pedia a saída de Mariana Mortágua.Agora, ganhará contornos decisivos um plenário a ser realizado pela Moção A no fim de semana próximo, o primeiro de novembro, para encaminhar um nome: pode ser identificado, como o primeiro subscritor da moção aquele que a Mesa Nacional entende como o candidato mais coerente para comandar os destinos do Bloco de Esquerda. Na última votação, a Moção A teve 490 votos e 67 mandatos, contra 95 votos e 13 mandatos para a lista E, logo é previsível que os elementos da atual Mesa Nacional tenham favoritismo para continuar a traçar o caminho do partido. Na reunião de ontem, sabe o DN, foi José Soeiro quem apresentou o ponto de situação política, um indício que não pode deixar de ser notado nesta fase. Foi questionada a razão para a demissão em vésperas de Mesa Nacional, mas o pedido não foi esclarecido, soube o DN. Mariana Mortágua falou na necessidade de o Bloco conseguir um “impulso” e há a vontade de procurar nomes agregadores, históricos no partido e que não estejam conotados com uma ou outra fação. Assim, pelo que o DN pôde apurar, José Manuel Pureza e José Soeiro são os nomes mais fortes neste momento: pela capacidade de diálogo construtivo interno que pautaram na carreira como parlamentares, mas também pelas posições ideológicas alinhadas com as bases do partido. Ambos, ao DN, preferem não assumir candidaturas ao cargo. Ouvir-se-ão militantes, bases e Mesa Nacional do partido para um nome que reúna preferência. O facto de o nome de Pureza ter circulado desde sábado como possível coordenador não agradou a alguns militantes e houve mesmo quem reclamasse por juventude e novas caras no partido. Inevitavelmente, sem ter substituído Mariana Mortágua no Parlamento durante um mês quando era o segundo eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa, Fabian Figueiredo não reúne consenso nesta fase. Joana Mortágua e Marisa Matias, que deram a cara pelo partido na campanha autárquica, não estariam na disposição de concorrer. .José Manuel Pureza candidatou-se a solo em Coimbra, mas não foi eleito vereador a 12 de outubro. Deputado em três legislaturas, ex-vice-presidente da Assembleia da República, é professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e doutorado em sociologia. “No Bloco, cada moção apresentará à Convenção Nacional a proposta de orientação política e a solução de direção. Há, na moção que subscrevo, várias pessoas com grande capacidade para coordenar”, afirmou à Lusa, recusando “cenários precipitados”. Contactado pelo DN, remeteu para a declaração proferida na véspera à agência noticiosa.Também com doutoramento em sociologia, o portuense José Soeiro, esteve em sete legislaturas diferentes, sempre pelo círculo do Porto. Comunicou a saída da Assembleia em 2025 para lecionar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É um dos especialistas do partido no combate pelos direitos laborais..Mariana Mortágua sai do Parlamento por 30 dias e tem confiança das moções.Mariana Mortágua não se recandidata à coordenação do Bloco de Esquerda e deixa Parlamento após Orçamento.BE: José Manuel Pureza é novo líder parlamentar do partido.José Soeiro vai deixar a bancada do BE para regressar ao meio académico