Numa declaração em Castelo Branco, durante a campanha para as autárquicas, o primeiro-ministro disse esta quarta-feira que os esclarecimentos sobre a sua empresa familiar, Spinumviva, devem ser prestados diretamente ao Ministério Público, e que este órgão deve proceder da mesma forma, sem que o diálogo seja mediado pela imprensa. No mesmo dia, os líderes dos vários partidos, de várias formas, criticaram Luís Montenegro por “deixar arrastar” as suspeitas em torno da sua empresa, em vez de as esclarecer, acusando também o chefe do Governo de estar a vitimizar-se ao ter considerado na terça-feira que, perante a notícia avançada pela CNN e pela Sábado - de que os procuradores responsáveis pela averiguação preventiva em torno da Spinumviva defendem que deve ser aberto um inquérito-crime - , que a situação configura “uma deslealdade processual, democrática”.“Respeitando o vosso trabalho - é a vossa função, naturalmente, e eu tenho toda a compreensão por isso -, mas eu devo prestar todos os esclarecimento ao Ministério Público e, portanto, devo falar diretamente com o Ministério Público, não através da imprensa, como também é suposto que o Ministério Público fale comigo diretamente e não através da imprensa”, defendeu Montenegro.Na qualidade de presidente do PSD, Montenegro defendeu ainda que a relação entre o Governo e os elencos autárquicos que saírem das eleições de 12 de outubro “estará tão mais consolidada, firme e com a capacidade de intervir mais profundamente, quanto as ideias, os princípios, os objetivos forem também mais próximos e mais coincidentes. É natural”, rematou.Por seu turno, numa ação de campanha no Sabugal, o líder do Chega criticou Luís Montenegro por “arrastar a situação” em torno da sua empresa familiar, ao não dar ao MP todos os esclarecimentos e, por isso, estar a prolongar o instrumento de averiguação preventiva. “O que não acontece com provavelmente mais nenhum arguido”, disse André Ventura.“Continuamos a ter no país um primeiro-ministro que está sob suspeita de crimes graves”, acusou Ventura, insistindo que o que está em causa são “crimes de idoneidade em relação ao exercício da função pública”.Já o líder do PS, José Luís Carneiro, num comício no distrito de Coimbra, centrou os ataques ao primeiro-ministro num apelo para que os portugueses não se encantem com discursos “falaciosos, demagógicos e populistas”, até porque, avisou, “é muito fácil prometer tudo e a todos. Então, em campanha eleitoral, é mesmo muito fácil aparecer junto às pessoas, prometer tudo e a todos”.Sobre o caso Spinumviva, José Luís Carneiro considerou que é incompreensível que “não tenha sido aberto um inquérito”, porque “um primeiro-ministro não pode estar sob suspeita”. No entanto, o líder socialista defendeu que “tudo deve ser tratado com tranquilidade e não com o frenesim da campanha autárquica”.O porta-voz do Livre Rui Tavares, numa ação em Oeiras, classificou o caso da empresa familiar do primeiro-ministro como “uma história mal contada”, acusando Montenegro de ter “um caso não muito sério com a verdade”.Referindo-se à reação de Montenegro perante a notícia da averiguação preventiva, Rui Tavares acusou o chefe do Governo de incongruência, ao falar em “tranquilidade, com estupefação e com revolta. É que nem aqui a história é a mesma durante três palavras seguidas.“Também o líder do PCP, Paulo Raimundo, em Beja, pediu a Montenegro que assuma responsabilidades e recusou “alimentar a narrativa”, que interpretou da reação do primeiro-ministro, de que esta notícias sobre a Spinumviva surgem “a propósito e à medida” em plena campanha eleitoral.“Se o senhor primeiro-ministro está a querer levantar suspeitas sobre os tempos da Justiça, ele tem de assumir essa responsabilidade”, rematou o líder comunista, acrescentando que “o país devia ter sido poupado a esta novela”.A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, classificou o caso da empresa familiar do primeiro-ministro como o “elefante na salada governação portuguesa”, na mesma medida em que “é uma maldição que vai perseguir este Governo e a sua credibilidade”.Na perspetiva da líder do PAN, Inês Sousa Real, Montenegro está a “vitimizar-se”, motivo pelo qual deve prestar “toda a informação” às autoridades.“Não queremos acreditar que os tempos da Justiça são os tempos das campanhas eleitorais, não alinhamos nessa narrativa como a que o primeiro-ministro tem vindo justificar o que tem sido o escrutínio durante todo este processo”, acrescentou..Spinumviva entra na campanha. Oposição acusa Montenegro de arrastar situação e exige explicações.Autárquicas. PS faz queixa de ministro Pedro Duarte por “uso do aparelho de Estado” para campanha