Spinumviva ausente da primeira declaração de Montenegro entregue no Constitucional quando era líder do PSD
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Spinumviva ausente da primeira declaração de Montenegro entregue no Constitucional quando era líder do PSD

O então presidente do PSD entendeu não necessitar de incluir a empresa familiar - cuja quota tinha transmitido à mulher.
Publicado a
Atualizado a

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, não incluiu a empresa Spinumviva na primeira declaração de interesses remetida ao Tribunal Constitucional em 2022, quando já era presidente do PSD, avança o semanário Expresso na sua edição de sexta-feira.

De acordo com o jornal, a empresa familiar acaba por surgir só em troca de correspondência com o TC, em resposta a pedidos de esclarecimentos deste tribunal. O semanário escreve que na declaração original "o campo destinado às 'quotas, ações, participações ou outras partes sociais do capital de sociedades civis ou comerciais' ficou vazio".

Ou seja, conclui a publicação, o chefe do Governo não registou a empresa Spinumviva na declaração de agosto de 2023, já depois de ter cedido a quota à mulher, com quem é casado em regime de comunhão de adquiridos, e aos filhos. Já em março de 2024, após ter sido eleito PM e passado pela experiência de ter sido obrigado a incluir a empresa, Luís Montenegro já incluiu a empresa familiar.

A ausência declarativa, segundo uma explicação do então líder social-democrata ao Constitucional citada pelo Expresso, relacionava-se com a alienação à mulher. “No que concerne a quotas detidas em sociedades, não existe nenhuma omissão de indicação. Quer à data do facto determinante da declaração inicial, quer à data do facto determinante da declaração de alteração, o declarante não detinha qualquer participação" em sociedades.

Além disso, segundo respondeu o gabinete do primeiro-ministro ao semanário, na sua perspetiva, o regime para o cargo de presidente do PSD era “diferente do regime previsto na lei para a declaração de primeiro-ministro”, não sendo “aplicável o preenchimento do registo de interesses". "(...) Mais tarde, na qualidade de PM, declarou no registo de interesses as funções que exerceu na SP&M e na Spinumviva, até 30/6/2022 e também a titularidade do cônjuge da quota da Spinumviva por força do regime de bens de casamento (apesar de titulada exclusivamente pelo cônjuge).”

No passado sábado, o primeiro-ministro anunciou, numa comunicação ao país, após uma reunião do Conselho de Ministros extraordinário, que a empresa familiar Spinumviva passaria a ser "totalmente detida e gerida pelos filhos", deixando a mulher de ser sócia gerente, e iria mudar de sede.

O primeiro-ministro disse ainda que "sempre que houver qualquer conflito de interesses por razões pessoais e profissionais" relacionados com a sua empresa familiar não participará nos processos decisórios do Governo, tal como outros membros do executivo.

"Portugueses, nunca cedi a nenhum interesse particular face ao interesse público e geral e assim vai continuar a ser", assegurou.

Montenegro justificou a decisão de não extinguir a empresa por considerar não ter "o direito de privar" os filhos da sua atividade profissional devido às suas funções políticos.

Nesse mesmo sábado, o primeiro-ministro admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa. Esta quinta-feira, o Governo aprovou a moção de confiança e Montenegro disse que será candidato em caso de eleições antecipadas.

Spinumviva ausente da primeira declaração de Montenegro entregue no Constitucional quando era líder do PSD
Governo já aprovou moção de confiança. Montenegro garante que será candidato em caso de eleições antecipadas

O primeiro-ministro fez esta declaração ao país após ter sido noticiado pelo semanário Expresso que a empresa Spinumviva - que era detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.

As declarações de rendimentos, património e interesses do primeiro-ministro encontram-se “em verificação”, revelou, entretanto, na segunda-feira, a Entidade para a Transparência à Lusa.

“Sem prejuízo do dever de sigilo previsto no artigo 12.º do Estatuto da Entidade para a Transparência, pode informar-se que as declarações únicas do senhor primeiro-ministro se encontram em verificação”, indicou a entidade numa resposta escrita.

Luís Montenegro havia anunciado segunda-feira que iria pedir à Entidade para a Transparência que audite a conformidade das suas declarações e respetiva evolução, assegurando ter cumprido todas as obrigações declarativas.

Com SH e Lusa

Spinumviva ausente da primeira declaração de Montenegro entregue no Constitucional quando era líder do PSD
Marques Mendes pede a Marcelo que interceda junto de Montenegro e PS para evitar eleições

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt